De mineiros
Grande churrasco abrindo a campanha de Magalhães Pinto, no pátio do Centro Gaúcho, Pampulha, BH. Gabriel Procópio Loures, o Gabi, gerente da Caixa Econômica Estadual em Santos Dumont, pega o microfone para saudar o candidato :
- Minhas senhoras e meus senhores ! Como disse o grande filósofo francês "Madame, Monsieur"...
Muitas palmas. E comentários gerais : "que homem culto, o homem sabe tudo".
De paranaenses
Jorge Takachi, japonês simpático e generoso, querido em toda a cidade, saiu candidato a prefeito de Nova Esperança/PR. A oposição começou a falar mal dele. Jorge Takachi não aguentou. Foi fazer comício :
- Jorge Takachi bom para a cidade, constrói hospital, dá dinheiro para a igreja, ajuda os pobres, paga feira dos outros, povo diz : Jorge Takachi muito bom. Jorge Takachi candidato a prefeito, povo diz : Jorge Takachi filho da puta. Num é, né ? Assim, Jorge Takachi não entende povo.
Risadas. E comentários gerais : "Takachi não entende mesmo".
Arena semi-aberta I
O jogo eleitoral começou para valer com os primeiros tiros de guerra. Serra fez o melhor discurso de seu percurso recente. Apesar de ser um orador fissurado na racionalidade, usou uns 8% do palavreado para jogar no tabuleiro da emoção. Fustigou adversários petistas e, indiretamente, o governo Lula, ao se referir à roubalheira. Não admitirá isso, garante. Foi muito eloquente, a ponto de abrir manchetes no dia seguinte. Serra se posiciona, hoje, como identidade comprometida com o pós-lulismo e não como o anti-lulista. Se optasse por ser do contra, estaria perdido.
Arena semi-aberta II
Dilma deixou o Planalto debaixo de uma cascata de lágrimas. Em seu discurso, fez loas ao governo. E elevou Lula aos céus. Fez quase 20 referências ao "senhor", referindo-se ao presidente. Coloca-se, assim, como pupila, patrocinada, candidata do presidente e, no arremate, herdeira do jeito lulista de governar. Reagiu imediatamente aos golpes tucanos. Garante que há muito lobo vestido de cordeiro. Dilma, aliás, está chamando Serra para o ringue. A tática é inteligente. Procura, assim, se posicionar no ranking principal, apresentando-se como lutadora, destemida, sem medo de atirar e debater. Ou seja, atiçando o fogo, Dilma mostra-se disposta a enfrentar o tucanato de igual para igual.
Lula à espreita
Nas próximas semanas, Lula ficará espiando as atitudes, gestos, palavras e atos de sua pupila. A seguir, vai chamá-la para a interlocução de ajustes : diga isso, não repita aquilo, aja assim e assado, corra por aqui e evite aquela vereda acolá. Nos fins de semana, estará quase todo tempo com Dilma, fazendo campanha. E a candidata - bem como Serra - poderá participar de atos administrativos públicos, porém sem ter direito ao verbo. Essa legislação eleitoral é mesmo dúbia. Ou seja, o candidato poderá ser visto ao lado de seus patrocinadores, mas não poderá ser ouvido.
Churchill
"Espero que meus amigos e colegas, ou colegas de outrora, que tenham sido afetados pela reconstrução política, sejam tolerantes e me desculpem por qualquer falta de cerimônia na maneira por que fui compelido a agir. Eu diria a esta Casa, como disse àqueles que passaram a formar este governo : - eu nada mais tenho a oferecer senão sangue, trabalho, suor é lágrimas." (Winston Leonard Spencer Churchill, estadista, no célebre discurso de 3 de setembro de 1939, quando foi nomeado primeiro ministro)
Marina se solta
Este consultor começa a perceber Marina Silva mais solta e desinibida. Chega a ser, até, falante. E começa a aparecer em circuitos empresariais. Quem esperava uma ambientalista confinada aos ambientes florestais, terá grata surpresa. Marina quer viabilizar acordos laterais, até com figuras exponenciais, que lhe acenam com esta possibilidade. É o caso do ex-presidente Itamar Franco. Marina poderá atrair a atenção e o voto de uma faixa jovem e de grupos organizados que cercam o conceito de sustentabilidade.
Ciro se prende
Ciro Gomes, por sua vez, se dobra cada vez mais ao rolo compressor de seu partido, o PSB, cuja maioria quer apoiar a candidata Dilma. O presidente do PSB, governador Eduardo Campos, é do entendimento de que a candidatura Ciro prejudica Dilma. Mas as pesquisas apontam noutra direção : sem Ciro, Serra cresce. E Ciro começa a convencer Campos de que poderá ajudar Dilma se permanecer como candidato. No segundo turno, fecharia aliança com ela. Tudo vai depender de mais duas baterias de pesquisa. Ou seja, vamos ver essa decisão lá para os meados de maio.
O imponderável
Calma, pessoal. É arriscado fazer prognósticos nesse momento. Os dois candidatos principais têm condições de levar a melhor. Fatores imponderáveis poderão ser decisivos. E a imponderabilidade abarca o mundo da abstração. Ninguém sabe se este fator sairá do perfil do candidato, do momento ou das circunstâncias.
PNBF e PNBInf
É tarefa complexa, portanto, aferir o imponderável. O que se pode garantir, isso sim, é que há fatores positivos e negativos que contribuem para derrotar ou dar a vitória a candidatos. Costumo, em minhas análises, fazer referência a dois : Produto Nacional Bruto da Felicidade e Produto Nacional Bruto da Infelicidade. O primeiro resulta de situações confortáveis : dinheiro no bolso, emprego garantido, comida barata, escola garantida para os filhos, assistência do governo, bolsas etc. O segundo é a antítese : desconforto, indignação, raiva, violência desmesurada, medo, desemprego, insegurança social. Façam suas análises em torno desses dois escopos. O primeiro deixa o estômago confortável; o segundo provoca vazios no estômago. O eleitor mais forte é o bolso. Quando cheio, vitória no candidato mais próximo a ele.
Vestindo a máscara do porco
"Os chineses têm um ditado : "vestir a máscara do porco para matar o tigre". É uma referência a uma antiga técnica de caça em que o caçador se cobre com a pele e o focinho de um porco, e sai grunhindo. O poderoso tigre pensa que um porco vem chegando, deixa-o se aproximar, saboreando a perspectiva de uma refeição fácil. Mas é o caçador quem ri por último. Mascarar-se de porco funciona muito bem com quem, como os tigres, é muito arrogante e seguro de si. Quanto mais eles acham que é fácil apanhar você, mais facilmente você vira a mesa. Este truque também é útil se você for ambicioso, mas ocupa uma posição inferior na hierarquia - aparentar ser menos inteligente do que é, até meio tolo, é o disfarce perfeito" (Robert Greene).
E as pesquisas, hein ?
Este consultor considera Marcos Coimbra um bom especialista em pesquisa. Tem formação adequada. Sabe manejar os instrumentos de pesquisa. Por isso mesmo, ficou perplexo com as suspeitas de que seu Instituto, Vox Populi, estaria manipulando pesquisas. Há uma nota negativa na mídia dizendo que a última pesquisa do Instituto repetiu os mesmos lugares da penúltima. E que a diferença entre Serra e Dilma não seria de 9 pontos, conforme atesta o Datafolha, mas de apenas 2 pontos. Por via das dúvidas, vamos esperar pelas próximas rodadas, seja do Datafolha seja do Vox Populi.
Dora abelha rainha Kramer
Dora Kramer lançou, esta semana, seu livro - O Poder Pelo Avesso - em uma longa noite de autógrafos. Passei exatos 1 hora e 40 minutos na fila. No meu autógrafo, a querida amiga escreveu : o professor precisa por no papel a história da abelha rainha. Vou começar a contar. Idos de 70. Dora, minha aluna na Cásper Líbero, av. Paulista, 900, 6º andar, já exibia um belo texto. E eu sempre lhe pedia que lesse a reportagem para os comentários e debates da classe. Eu solicitava que os alunos formassem um círculo em torno de Dora. E aí, um dia, para risada geral, eu disse : vamos, agora, ouvir a abelha rainha. Pois ela parecia a rainha cercada pelo enxame de abelhas trabalhadoras. O apelido pegou. Até hoje, quando nos encontramos, ela recorda o passado.
Grande texto
Dora Kramer já escrevia bem naquela época. Texto descritivo, recheado de imagens e simbolismos. Eu lhe dava a melhor nota da classe. Quanta alegria foi ver essa jornalista substituir Carlos Castelo Branco no grande Jornal do Brasil, que também foi meu primeiro jornal. Hoje, no Estadão, Dora é leitura obrigatória. Quem não tem o costume de lê-la, perde e muito. A propósito, a Dora daquele tempo era Dora Tavares de Lima, sobrinha do famoso Chopin Tavares de Lima, contemporânea de Carvalho Pinto, Jânio, amigo de Montoro, e integrante do velho Partido Democrata Cristão. O Kramer vem de seu ex-marido Paulo Kramer, professor e cientista político.
Michel na vice
Com a permanência de Henrique Meirelles no comando do BC, Michel Temer consolida sua posição como peemedebista a compor a chapa de Dilma. O PMDB está fechado em torno de seu nome.
Presente de páscoa
Segundo a Asserttem (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário), a páscoa deste ano gerou emprego temporário para 63,3 mil trabalhadores em todo o país. O resultado é 5,5% maior que o registrado em 2009. O levantamento confirma ainda que 15% destes contratos temporários têm chance de efetivação, o que corresponde a quase 9,5 mil brasileiros, praticamente o dobro do registrado no mesmo período do ano passado. A data também significou oportunidade de primeiro emprego para 25% dos trabalhadores.
Lula convencido
Lula no Canal Livre da Band : "estou convencido de que a Dilma vai ser a próxima presidente do Brasil. Agora, vai ter de trabalhar..." Pergunta : vai de ter trabalhar para se eleger ? Será que alguém que quer ser presidente do país não consideraria essa possibilidade ? A questão levantada pelo presidente parece sem sentido.
FHC faz apelo a Aécio
FHC continua apelando para Aécio Neves vestir a camisa de Serra. Por quê ? Desconfia de que o mineiro não está motivado ? Neves é candidato ao Senado. Não quer compor a chapa como vice. FHC deve saber de coisas...
MG, um mistério
Minas, com seus quase 14 milhões de eleitores, é um mistério. Não se pense que os mineiros jogarão todos os seus votos na floresta tucana. Vão eleger Aécio, senador, e podem, até, dar a vitória a Anastasia na corrida ao governo. Mas, na área federal, Minas tem sido surpreendente. Não acompanha muito os caciques.
Vermelho de abril
O abril vermelho prometido pelo MST é um tiro nas costas de Dilma. O MST, em anos eleitorais, sempre amainou a corrente invasiva. Mas, este ano, promete recrudescimento nas ações do campo. Traição ao compromisso assumido com o governo Lula ? Vamos ver se os emessetistas farão a agenda destrutiva que prometem.
Conselho a Marina Silva
Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos membros do Ministério Público. Hoje, volta sua atenção à pré-candidata à presidência da República Marina Silva :
1. Procure absorver um escopo mais abrangente : educação, saúde, infraestrutura técnica (transportes, energia, telecomunicações), segurança pública, evitando a identidade monotemática da sustentabilidade.
2. Circule nos grandes núcleos da sociedade organizada (associações, federações, sindicatos, movimentos etc.)
3. Privilegie os espaços de maior densidade eleitoral e os pólos de difusão de ideias e informação.
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