Francisco Petros*
A voz dos Oráculos
O início do novo milênio mostrou-nos que o boom era uma bolha. Os ganhos de produtividade não cresciam na velocidade de um novo paradigma – sequer era fenômeno novo; a globalização dominante foi mostrando os “dentes protecionistas” dos países ricos; os novos conceitos de avaliação dos ativos foram sendo desmoralizados pelas quedas generalizadas das cotações dos ativos; alguns (não muitos!) yuppies foram parar na cadeia em função de fraudes financeiras contra investidores; os balanços de muitas e importantes empresas mostraram-se “peças de ficção” e os países pobres continuaram pobres e sob o jugo de suas conhecidas elites. O “perigo vermelho” foi substituído pela “guerra contra o terrorismo” e os custos de energia subiram velozmente.
Vejamos os fatos e o cronograma que se desfralda diante de nossos olhos. Ao longo do 2º semestre, o Federal Reserve avaliará os risco da inflação nos EUA e ditará o grau e a intensidade de sua política monetária; as eleições norte-americanas de novembro serão das mais “apertadas” entre Bush e Kerry e ninguém pode prever como será a política econômica dos EUA daí por diante; as eleições municipais no Brasil podem produzir mudanças na condução do Governo Lula; há dúvidas consistentes de que o “crescimento estatístico” da economia brasileira se tornará sustentado; o risco geopolítico persiste alto e o terrorismo é um fenômeno que veio para ficar; ninguém sabe prever como ficará o Oriente Médio posteriormente a “devolução” (sic) do poder aos iraquianos.
Estas são apenas algumas das variáveis mais importantes presentes a afetar o mercado financeiro. Seus efeitos sobre o andamento dos fluxos de capital, sobre as taxas de câmbio, sobre as taxas de crescimento da atividade econômica mundial, sobre a política comercial mundial, etc. são extremamente difíceis de se prever. Não é à toa que os movimentos das cotações dos ativos e contratos dos ativos nos mercados mundiais estão erráticos, com baixa volatilidade e volumes modestos negociados diariamente. Fruto de uma completa ausência de consenso entre os agentes no que tange às opiniões sobre o andamento dos mercados. Falta a unanimidade sobre novos paradigmas e uma nova economia. Talvez a inteligência esteja mais presente neste momento de incerteza. Um dado positivo.
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