Marketing Jurídico

Será que é fácil enganar um advogado?

Será que é fácil enganar um advogado? Veja a análise do consultor Alexandre Motta.

9/2/2024

Será que é fácil enganar um advogado? Antes de responder essa pergunta, acho que se faz necessário a contextualização do porquê estou escrevendo sobre isso. E a resposta é simples: eu odeio mentiras. Do fundo da alma, desde que me conheço por pessoa, eu sempre tive um sério problema com mentiras.

E é isso que eu mais vejo no cenário do marketing jurídico nos dias de hoje: fornecedores que mentem e querem fazer o advogado de idiota. E é por isso que, mais uma vez, venho trazer o alerta para que os advogados não sejam tragados pela onda do “vale qualquer coisa para tirar uns trocados do advogado que não sabe o que é marketing”.

Então vamos aprofundar o tema e analisar juntos:

Esses são pequenos exemplos de como a advocacia tem sido trabalhada por fornecedores que acreditam que podem falar qualquer coisa para o mercado. E se eu – desde sempre – tenho problemas com mentiras, ocultações e meia verdades, de um tempo para cá, percebi que as coisas desandaram.

Eu vejo o fornecedor super descolado aumentando a promessa de seus percentuais. Se antes o resultado prometido era de aumento de 70% no faturamento, hoje, de um dia para o outro e com a mesma metodologia, o faturamento aumenta quase 90%. O que? Como assim?

Eu vejo o advogado milagreiro alugando caro importado só para fazer vídeo vendendo seu curso, tentando passar imagem de super bem sucedido. Sério isso? É vídeo de humor?

Eu vejo empresas sabichonas que, de um dia para o outro, mudaram sua data de nascimento. Ontem ela havia aberto suas atividades em 2015. Hoje ela havia aberto suas atividades em 2009. Viagem no tempo?

Eu vejo auto intituladores não se contentando em se auto proclamarem como “o melhor do estado” e passar a ser “referência absoluta no mercado nacional”. Dar tapinhas nas próprias costas vale como consolo emocional?

Eu vejo palestras sendo ministradas por pessoas que nunca estudaram marketing, nunca atuaram com seriedade e resultados na advocacia e que sequer aplicaram marketing nas suas próprias carreiras. É hipocrisia que fala?

Para esses perfis eu tenho algumas perguntas:

Ei, fornecedor super descolado, me mostra 20 clientes que usaram sua metodologia e ficaram ricos?

Ei, advogado milagreiro, se você descobriu a fórmula para gerar tantos clientes, porque não está cuidando das suas centenas de contratos novos ao invés de vender curso online? Acredito que você tenha maior faturamento cuidando dos clientes ganhos do que vendendo cursos, certo?

Ei, empresa sabichona, me mostra alguma atividade do começo das suas atividades que comprova que você está no mercado há tanto tempo. Um artigo publicado? Uma newsletter enviada? Um evento que você tenha se destacado, lá atrás. Não vale mostrar coisas que o pai ou o avô fez.

Ei, auto intitulador, quem te deu estes títulos? Por favor nos mostre exatamente quem foi que te premiou reconhecidamente como o melhor do mercado (ou do estado, ou do Brasil, ou do mundo, ou da galáxia). Falar que eu sou o cara mais lindo do mundo não me faz virar o Brad Pitt na realidade.

Ei, palestrante sem conteúdo, você consegue falar coisas que não sejam genéricas, que servem para qualquer nicho e voltadas exclusivamente para o emocional? Consegue mostrar aos advogados que estão te assistindo COMO fazer marketing, passo a passo? Falar que o advogado tem que “sair da zona de conforto e desbloquear seus medos” não ajuda em nada o faturamento no final do mês. Mostrar o passo a passo de como fechar novos negócios eticamente sim.

A verdade é que hoje são poucos os profissionais que garantem sua atuação em função da sua história e resultados comprovadamente reais. Sangue, suor e resiliência foram substituídos por showzinho, entretenimento e “falar o que o que o prospect quer ouvir” (mesmo se isso não for real).

Mas o foco desta parte é explanar sobre mentira e enganação para com os advogados. Então vou deixar aqui quatro dicas para aqueles que não querem “cair do cavalo” como já dizia minha avó (diga-se de passagem, foi ela quem me ensinou que a mentira é a verbalização da fraqueza de uma pessoa em encarar os fatos do jeito como eles são).

Está em dúvida se o fornecedor é picareta ou não? Tente isso:

Dica 1: investigue a vida dele. Entre no site da empresa, no Facebook pessoal e empresarial, no Linkedin pessoal e empresarial, no Instagram pessoal e empresarial e no Youtube da empresa. Só com isso você já terá uma grande noção de como esse fornecedor se porta no mercado e na sua vida pessoal. Dica dentro da dica: para redes que usam “curtidas” como medidores, veja quantas curtidas e visualizações tem os posts e vídeos do investigado. Se a maioria tem um número baixo e, de repente, uma publicação tem milhares de views, isso pode ser um indicativo que ele pode ter comprado visualizações apenas para impressionar os mais ingênuos.

Dica 2: peça referências de trabalhos anteriores e converse com ex-clientes do fornecedor. Se ele “não conseguir” te passar uma lista atualizada de clientes com nome, telefone e e-mail, desconfie. Ou melhor, desista. Se a pessoa faz um trabalho honesto, não tem nada a esconder de ninguém.

Dica 3: veja a classificação dele em sites como Reclame Aqui e as avaliações do próprio Google. Com esta ação você pode descobrir alguns comentários ou informações sobre como a empresa trata o mercado na realidade. Para ser justo dos dois lados, quando você olhar comentários, tenha sensatez sobre quais avaliações deve confiar. Algumas pessoas não seguem todas as orientações que deveriam seguir e depois reclamam, ou seja, em muitos casos, o erro é do próprio cliente e não do fornecedor. Sejam justos.

Dica 4: use fornecedores consagrados e com histórico positivo no mercado. Existem inclusive sites que dão um direcionamento e ajuda nesses casos.

Além das dicas acima, fica a regra maior de todas: o bom senso e a razão.

Por exemplo: se o fornecedor é tão bom, a metodologia é tão milagrosa e os procedimentos são tão fáceis, porque os ex-clientes não estão indicando os serviços e eles precisam pagar publicidade e post patrocinado constantemente? O bom senso e a razão sabem te responder esse tipo de pergunta. Confie neles.

Então, por fim, vamos responder a nossa pergunta inicial?

Será que é fácil enganar um advogado?

A resposta é simples: só quando ele se deixa enganar.

Espero ter ajudado.

Confira toda sexta-feira a coluna “Marketing Jurídico” e envie suas dúvidas sobre marketing jurídico, gestão de escritórios, cotidiano dos advogados empreendedores ou dúvidas gerais sobre o dia a dia jurídico por e-mail (com o título Coluna Marketing Jurídico) que terei um grande prazer em ajudar.

Bom crescimento!

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Colunista

Alexandre Motta é consultor e sócio diretor do Grupo Inrise. Com formação e pós-graduação em marketing pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), atuou durante cinco anos em escritório jurídico como responsável pela área de desenvolvimento de negócios e comunicação com clientes. É palestrante oficializado pela OAB (tendo recebido inclusive a Medalha do Mérito Jurídico), escreve artigos de relevância para o mercado atual e é autor dos livros "Marketing Jurídico - Os Dois Lados da Moeda", "O Guia Definitivo do Marketing Jurídico" e "O Novo Marketing Jurídico". Apresenta também o programa de entrevistas Conversa Legal, focado na interatividade dos profissionais do setor jurídico. Desde 2002 mantém, através de sua consultoria, uma clientela de inúmeros escritórios jurídicos sob sua responsabilidade de atuação e crescimento em marketing ético.