A amiga Tamara Junqueira pergunta:
"Como "combater" sócios sem visão, sendo minoritária?"
Tamara, obrigado pela pergunta. Realmente essa é uma questão preocupante e complicada, o que brincamos ser uma "sinuca de bico". Por um lado, você está crescendo no escritório e subiu ao posto de sócia minoritária (acredito que talvez essa seja sua história, como muitas que já vi), o que te faz grata e esperançosa por alçar novos voos no escritório. Por outro, você vê oportunidades evolutivas passarem pelas mãos dos sócios sem aproveitamento. Sinuca de bico.
Minha experiência diz que nunca nenhuma situação é igual a outra e, portanto, vou colocar alguns elementos aqui e você verifica se "encaixam" em sua realidade.
O primeiro ponto é verificar se os sócios majoritários estão na mesma direção que seus sonhos. Por muitas vezes os sócios, geralmente quando tem idade mais avançada, querem apenas manter o escritório como está, sem crescimentos, maiores esforços e dores de cabeça. Eles estão apenas "levando" o escritório até uma real aposentadoria e realmente não vão se empenhar para mudanças e avanços.
Nesse caso, o ideal é tentar entender se existirá uma sucessão do escritório para os minoritários quando os mesmos se aposentarem e, em posse dessa informação, verificar se você quer investir nessa ideia e ser a nova sócia futuramente, com maior poder e possibilidade de avançar na direção que você escolherá. Se esperar não é a sua praia, então está na hora de investir em seu próprio escritório e fazer a coisa realmente acontecer. Seja sua própria chefe.
Agora, se você sente que os majoritários estão com os mesmos objetivos que você, é preciso entender a razão porque eles estão deixando passar as oportunidades. Por experiência própria, muitas vezes é apenas desconhecimento do que pode acontecer, para o lado bom (os resultados financeiros efetivos de um investimento focado) ou ruim (os acontecimentos que poderão ocorrer pela falta de evolução correta) que impede o avanço. Com posse destas informações, agora é hora de instruir, exemplificar amplamente e usar todo seu charme e poder de convencimento para tentar trazê-los para o seu nível de entendimento de como os sócios deveriam perseguir seus objetivos. É um trabalho intenso, mas se você usar referências reais de outros escritórios que trilharam o mesmo caminho, isso poderá ficar mais fácil.
Porém, fica aqui o alerta: não fique no meio. Te mostrei dois caminhos para chegar aos seus objetivos. Siga um ou outro, mas não fique no meio, no limbo, sem ação. A razão? Coloco aqui abaixo a evolução de uma conversa prospectiva entre Inrise e um escritório (exemplo tirado diretamente de nosso CRM):
-
Dia 02/11/2012 – reunião realizada na sede do cliente. Boa, com possibilidade de fechamento real.
-
Dia 04/02/2013 – Dr. diz que achou interessante a proposta e que depois do carnaval coloca em prática.
-
Dia 01/05/2013 – Dr. falou que depois do carnaval as coisas começaram pesadas, pediu 30 dias para implementar.
-
Dia 01/06/2013 – Dr. disse que algumas coisas mudaram internamente e ele precisa convencer os sócios da necessidade da implementação. Pediu um tempo para conversar com sócios majoritários.
-
Dia 07/08/2013 – Dr. vai tirar férias, pediu retorno em outubro.
-
Dia 15/10/2013 – Dr. disse que não conseguiu falar ainda com sócios.
-
Dia 13/11/2013 – com a proximidade da virada de ano, pediu para falar no começo do ano.
-
Dia 20/01/2014 – Pediu para falar depois do carnaval.
-
Dia 30/03/2014 – Pediu para falarmos no segundo semestre.
-
Dia 02/08/2014 – Disse que sócios não tem o mesmo ponto de vista que ele e que nem conseguiu falar direito sobre o projeto com eles. Colocarei o contato para daqui um ano. Não acredito que isso vire.
-
Dia 14/10/2015 – Dr. se lembra do projeto, mas diz que as coisas estão piorando e que não é hora de pensar nisso.
-
Dia 01/10/2016 – telefone não atende.
-
Dia 02/11/2017 – telefone não atende.
-
Dia 17/06/2018 – consegui contato no celular do Dr. e ele informou que o escritório está fechando, perguntou se o departamento de recrutamento pode ajudar na recolocação dele em um escritório.
Repetindo: não fique no meio do caminho. Vá para um lado ou para outro. Como diria uma colaboradora minha: "ou é quente ou é frio. Morno não serve nem pra fazer chá".
Espero ter ajudado.
Confira toda sexta-feira a coluna "Marketing Jurídico" e envie suas dúvidas sobre marketing jurídico, gestão de escritórios, cotidiano dos advogados empreendedores ou dúvidas gerais sobre o dia a dia jurídico por e-mail (com o título Coluna Marketing Jurídico) que terei um grande prazer em ajudar.
Bom crescimento!