Marketing Jurídico

Falta falar como

Falta falar como.

30/8/2019

A amiga Karen Miyamura pergunta:

"Recentemente participei de um curso de Marketing Jurídico onde me informaram que deveria acreditar que é possível ter um grande retorno, mas não foi dito COMO eu consigo atingir esse objetivo, acabei saindo com mais dúvidas do que quando entrei. Acredita que há uma maneira mais eficaz de aprender tal assunto?".

Karen, obrigado pela pergunta. Você tocou em um ponto muito importante e que particularmente acho um problema no mercado: o falar COMO fazer as coisas.

Vejo dezenas de cursos, palestras, workshops e treinamentos que deixam as pessoas, assim como você se sentiu, mais confusas na saída do que na entrada. São geralmente "ensinadores" que nunca colocaram em prática os conceitos teóricos que tanto pregam. Eu mesmo já fui em palestras onde o título era "Como Fazer XYZ" e na realidade o "professor" estava simplesmente mostrando os itens que podiam ser aplicados. Ter uma palestra onde o nome diz "Como Fazer" implica necessariamente em mostrar aplicações reais daquilo e não apenas explicar o que é a ferramenta.

A tática é realmente fisgar a pessoa pelo título atrativo e depois, quando o aluno já pagou, oferecer o "genérico" do assunto, muitas vezes simplesmente pela falta de não saber efetivamente colocar em prática o ensinado.

Falar O QUE é diferente de falar COMO. Um exemplo: é muito fácil falar aos advogados que eles precisam escrever artigos. Vejo toda hora alguém dando esta dica "mágica". Mas qual a operação por trás disso? Qual o formato? Qual a linguagem? Quantas laudas são adequadas? Para quem é aquele artigo? Qual o gancho de leitura? Qual a periodicidade interna? Onde ele será distribuído e veiculado? Qual a rotina pré e pós artigo? Onde ele será inserido no contexto do institucional do escritório? Como ele se tornará peça prospectiva no avanço comercial do escritório? Estas e outras perguntas deveriam ser respondidas juntamente com o "inédito" anúncio de que "advogados devem escrever artigos". Isso é apenas um exemplo de como as ferramentas, muitas vezes, apenas são citadas ou comentadas em palestras, sem dar o passo a passo, o que é, ao meu ver, o mais importante.

E é por isso que peço a todos que estão lendo esta coluna: comecem a levantar a mão ao final de palestras e cursos que tenham ensinamentos "meia boca" e dizer: "Falta falar COMO". Está aqui a frase completa para seu copia e cola: "Professor, muito boa sua explicação. Já entendi O QUE eu preciso fazer, mas e COMO eu devo operacionalizar isso na minha rotina?"

Levanto aqui, mais uma vez, a bola da investigação. Antes de fazer um curso, palestra ou outros, investigue quem vai ministrar esse conteúdo. Veja se a pessoa em questão tem em sua carreira a efetiva aplicação dos ensinamentos no dia a dia, e saiba referenciar pessoas que usaram seus mandamentos com sucesso. Ler fórmulas mágicas na internet e replicar para alunos desavisados e "não detetives" é a coisa mais fácil do mundo. O que eu quero ver mesmo é a cara de um destes super professores com a frase: "Falta Falar COMO".

Espero ter ajudado.

Confira toda sexta-feira a coluna "Marketing Jurídico" e envie suas dúvidas sobre marketing jurídico, gestão de escritórios, cotidiano dos advogados empreendedores ou dúvidas gerais sobre o dia a dia jurídico por e-mail (com o título Coluna Marketing Jurídico) que terei um grande prazer em ajudar.

Bom crescimento!

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Colunista

Alexandre Motta é consultor e sócio diretor do Grupo Inrise. Com formação e pós-graduação em marketing pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), atuou durante cinco anos em escritório jurídico como responsável pela área de desenvolvimento de negócios e comunicação com clientes. É palestrante oficializado pela OAB (tendo recebido inclusive a Medalha do Mérito Jurídico), escreve artigos de relevância para o mercado atual e é autor dos livros "Marketing Jurídico - Os Dois Lados da Moeda", "O Guia Definitivo do Marketing Jurídico" e "O Novo Marketing Jurídico". Apresenta também o programa de entrevistas Conversa Legal, focado na interatividade dos profissionais do setor jurídico. Desde 2002 mantém, através de sua consultoria, uma clientela de inúmeros escritórios jurídicos sob sua responsabilidade de atuação e crescimento em marketing ético.