Marizalhas

Namoricos, namoros e traições

Namoricos, namoros e traições.

9/3/2021

Minha neta de dez anos foi pedida em namoro por um colega de classe, por meio eletrônico.

Respondeu, pelo mesmo caminho, que considerava o colega um amigo, mas que era cedo para namorar.

Gostei da educada e conveniente resposta. Claro que achei o pedido prematuro, precoce e inadequado. Reação de avô cioso de seu papel de protetor das netas. Aliás, seis netas. Haja asas protetoras.

No entanto, agradou-me saber que ainda se pede em namoro. Ou será uma prática limitada até os dez ou onze anos? Depois dessa idade dizem que nem namoro mais há. Há sim e eu provo.

Não posso negar ter ficado feliz de já ter uma neta cortejada. Ah!!! Nessa hora lembrei-me que tenho uma outra neta, não cortejada, mas já em pleno namoro. Com 21 anos o namoro não é um mero flerte. Ela até já trouxe o felizardo para dentro das casas da família.

Quando eu soube, logo me veio a possibilidade de ser bisavô. E eu externei a ideia para o casal. Fiz bem? Acho que não, pois fui alvo de grandes críticas. Talvez tenha sido porque além de querer ter um bisneto ou bisneta eu completei a ambos: com ou sem casamento.

Interessante que a reação mais contundente a esse natural anseio partiu dos mais jovens da família. Isso mostra haver um conservadorismo ocupando uma baixa faixa etária.  

Lembrei-me que no meu tempo pedia-se em namoro. E, mais, a escolhida por sua vez solicitava um tempo para responder. Normalmente eram necessários três dias. O prazo era fatal. No quarto entendia-se que a resposta era não. Ademais, se ela quisesse dizer sim nos dias posteriores o rapaz estava desobrigado de aceitar. Muitas vezes ele condescendia e a tolerância era maior quanto maior fosse o seu interesse.

Certo dia um queridíssimo amigo pediu-me ajuda para pedir uma moça em namoro, que segundo ele já estava conquistada. Faltava, apenas, a formalidade do pedido.

Esse se daria por telefone. Estávamos em minha casa. Combinamos que eu ficaria na extensão e quando entendesse ser a hora adequada eu iria avisá-lo.

Dito e feito. Mas, mal feito.

Assim que lhe dei o sinal, o amigo solenemente fez o pedido. Não precisou de nenhum prazo para vir a resposta. Em questão de segundos veio um sonoro e contundente não.

Frustação geral. Dos amigos, que solidários tinham uma expectativa positiva. Do pretendente, certo da aceitação e minha, pois me julgava um ótimo consultor sentimental.

Na verdade, a minha atuação não foi de toda desfavorável, pois, traindo o meu amigo, tempos depois estava namorando a mesma moça...

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Colunista

Antonio Cláudio Mariz de Oliveira é advogado.