Direito das Organizações Internacionais - 4ª edição
Editora: Del Rey
Autor: Antônio Augusto Cançado Trindade
Páginas: 854
Em meados da década de 1990, com a explosão dos conflitos étnicos nos Bálcãs, lado a lado aos intensos confrontos tribais na África, os princípios contidos na Carta da ONU foram postos à prova. Sérgio Vieira de Mello, o brasileiro que morreu vítima de uma explosão no Iraque e que por muitos anos havia sido um símbolo da própria organização, já demonstrara, inúmeras vezes, sua dúvida quanto à eficácia da Carta no mundo pós-guerra fria. Afinal de contas, estivera em trabalho de campo na Sarajevo em que milhares de bósnios foram mortos por sérvios – massacres interrompidos apenas pelos ataques aéreos da OTAN (pondo em suspenso a neutralidade que a ONU deveria ostentar), assim como tomara parte nas discussões sobre Ruanda, onde a ONU também não conseguiu evitar o morticínio de milhares de tutsis pelos hutus.
Poucos anos depois, houve a desastrosa invasão do Iraque pelos Estados Unidos, sem o aval do Conselho de Segurança da ONU. Graves sintomas, grande crise.
O que o autor da obra afirma, no entanto, é que embora os fatos tenham exigido algumas reestruturações no funcionamento da instituição (iniciadas a partir de 2004), essas reformas não significaram refutação aos princípios básicos da Carta da ONU. Antes, entende que a crise proporcionou que as atenções se concentrassem em alguns dos grandes temas do Direito Internacional, o que permitiu "saltos qualitativos na evolução do jus gentium".
Importa saber que a cátedra de onde profere suas lições é respeitável: é antigo presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, professor da UnB e do Instituto Rio Branco há mais de 30 anos e juiz da Corte Internacional de Justiça de Haia.
Essa quarta edição, portanto, vem atualizada e orientada por essas novas perspectivas, vivenciadas pelo autor. Ao discorrer sobre os temas obrigatórios de Direito Internacional, a obra é minuciosa. Mas traz, ainda, capítulos especiais, tratando da contribuição das organizações internacionais ao desenvolvimento progressivo do Direito Internacional, bem como das recentes discussões acerca da responsabilidade internacional.
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Anderson Roma, advogado do escritório Gaia Silva Gaede & Associados, de Curitiba/PR
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