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Curso de Ciência Política - Grandes autores do pensamento político moderno e contemporâneo

4/6/2009


Curso de Ciência Política - Grandes autores do pensamento político moderno e contemporâneo

Editora: Campus-Elsevier - Campus Jurídico
Autor: Vários.
Páginas: 478

Ao compor seu painel dos teóricos da Ciência Política, a coletânea em tela contempla os clássicos ocidentais, tratando da Antiguidade grega, da patrística, de Hobbes, Maquiavel, Locke, Montesquieu, Rousseau, Burke, do Federalista, Tocqueville, Stuart Mill, Marx e Weber, mas também traz contribuições inusitadas. Dos escritos de Kant, por exemplo, são analisados trechos menos conhecidos, em que sobressaem as idéias políticas – em vez de axiomas da crítica da razão pura e do imperativo categórico.

Inova, também, ao deter-se em alguns autores do medievo – Guilherme de Ockham, Marsílio de Pádua – decisão que parece muito acertada. Nos dias que correm, algumas releituras do período que aprendemos a chamar de "Idade das Trevas" têm mostrado que muito de nossa civilização nasceu naquele período, dentro dos mosteiros católicos, inclusive. Não seria propriamente paradoxal e sim dialético reconhecer que naquela atmosfera opressiva, mas de muito estudo, floresceu o pensamento que mais tarde veio fundamentar a Reforma Protestante e que tanta repercussão produziria no mundo – ainda somos tributários de seus ecos, embora nem sempre nos apercebamos.

Sim, pois se o arcabouço teórico-político ocidental nasceu do encontro entre a filosofia grega e a religião cristã (Agostinho relê Platão, Tomás de Aquino resgata Aristóteles), foi o ideário reformista que permitiu a separação entre política e religião. Assim é que no capítulo destinado a Hobbes e seu Leviatã, encontramos que "A Reforma Protestante é um dos eventos históricos mais importantes para a compreensão da formação do Estado Moderno" e que "(...) a cisão do cristianismo ocidental solapou a ordem tradicional, individualizou o homem, pluralizou as concepções de mundo". (grifo nosso); ou que quando lemos sobre o irlandês Edmund Burke, eleito para a Câmara dos Comuns em diversas legislaturas, a partir de 1761, entendemos que o ambiente das guerras religiosas fez do grande retórico um inarredável defensor da liberdade, a ponto de mesmo sob a alcunha de "pai do conservadorismo anglo-saxão", ter se posicionado a favor das reivindicações das colônias americanas.

Desta erudita e prazerosa leitura emerge a lembrança de que a conquista do Estado laico e da liberdade religiosa custou, à civilização ocidental, embates longos, muitas vezes sangrentos. Mas também que nessa batalha fomos forjados.

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 Ganhadora :

Francini Imene Dias Ibrahin, advogada de Macapá/AP


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Colunista

Roberta Resende é formada pela faculdade de Direito do Largo de São Francisco/USP (Turma de 1995) e pós-graduada em Língua Portuguesa, com ênfase em Literatura.