Lauda Legal

"Equilibrio Econômico-Financeiro Contratual" - Editora Del Rey

31/8/2007

 



Estamos diante de bem-feitíssima monografia. Tem como objeto as situações que ensejam o desequilíbrio econômico-financeiro nos contratos administrativos depois de sua formação. A pesquisa levada a cabo é vastíssima, e pela tessitura conferida às citações, percebe-se domínio do corpus e trânsito seguro e tranqüilo pelas mais destacadas posições doutrinárias. A bibliografia citada concorre significativamente para ampliar os horizontes do estudioso.

A autora escolheu começar sua exposição pela doutrina civilista: discorre sobre o conceito e princípios informantes do contrato, bem como sobre a transição da autonomia da vontade para o dirigismo contratual. Nesse percurso expositivo acompanha-se com interesse a evolução da relativização do princípio pacta sunt servanda e a conseqüente ampliação da aceitação da teoria da imprevisão. É com a atenção presa ao bom texto que se vê o fenômeno da criação do direito desenhar-se, pela pena da autora, sob nossos olhos fascinados: a nova concepção nasce a partir dos casos que os tribunais são levados a examinar, ganha fôlego lentamente, ano após ano, para que só várias décadas mais tarde venha naturalmente a ser transformada em lei.

Embora consolidada no Direito Civil, foi no âmbito do Direito Administrativo que a discussão teve início. Durante a Primeira Guerra Mundial, diversos contratos de concessões públicas viram-se sacudidos por fatores imprevistos ou de conseqüências incalculáveis, não havendo no Direito outra saída que não a repactuação das avenças. Ao longo do texto, trechos de julgados considerados marcos para o desenvolvimento da teoria da imprevisão são apresentados para o leitor – inclusive o célebre caso da empresa exploradora de carvão em Bordeaux, julgado em 1916 –opção que enriquece em muito a narrativa.

A autora defende a aplicação da teoria da imprevisão a todos os contratos firmados pela administração, em que pese a dicotomia defendida por grandes nomes entre "contrato privado da administração" e "contrato administrativo". A fundamentação contida em seu texto sustenta com brilho essa posição. O princípio da moralidade deve ser o balizador de toda a atividade administrativa. Ou para ficar com as palavras de Miguel Reale, também lembradas pela autora, o direito é exatamente tudo que foge ao arbítrio.


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Sorteio de obra




Migalhas tem a honra de anunciar o sorteio da obra "Equilíbrio Econômico-Financeiro Contratual" (413 p.), escrita por Renata Faria Silva Lima e gentilmente oferecida pela Editora Del Rey.

 

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Ganhador:

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Colunista

Roberta Resende é formada pela faculdade de Direito do Largo de São Francisco/USP (Turma de 1995) e pós-graduada em Língua Portuguesa, com ênfase em Literatura.