Ciência Política - 17ª edição
Editora: Malheiros Editores Ltda.
Autor: Paulo Bonavides
Páginas: 550
A expressão Ciência Política refere-se, em boa síntese, aos "fatos relativos ao governo da sociedade humana". O manual em tela, incontestável sucesso de público – já se encontra em sua 17ª edição – trata o tema em sua amplitude acadêmica, partindo de seus contornos clássicos para alcançar também "novidades" no ensino da disciplina, assuntos que estão fora do Direito Positivo, como a propaganda política, os chamados grupos de pressão, a opinião pública.
Para o autor, doutor honoris causa pela Universidade de Lisboa, professor emérito da Universidade Federal do Ceará, a Ciência Política é cátedra que deve ser ministrada muito além dos currículos jurídicos, pois que sua natureza é tridimensional, alcançando fenômenos de ordem não só jurídica, mas também sociais e filosóficos.
Partindo da delimitação de seu objeto, o autor separa a Ciência Política das ciências da natureza, explicando que às denominadas ciências da cultura ou do espírito não servem as leis fixas, a uniformidade, a repetição, mas que estão à mercê do variável, das diferenciações, da heterogeneidade. Ao exprimir essas categorias, o autor entrega ao estudioso chave-mestra para a abordagem da disciplina, pois que dessas premissas advém a impossibilidade de se falar, nessa seara, em certezas, mas sim em probabilidades, teleologia, desenvolvimento.
A profundidade do tratamento – bem como o envolvimento do autor com o tema – é perceptível em diversos momentos. Para desenvolver o conceito de nação, apresenta os célebres questionamentos expostos na obra O que é uma nação?, de Ernest Renan, que o inspira a afirmar, brilhantemente, que "A nação não se compõe apenas da população viva e militante (...)" mas "deita suas raízes espirituais na tradição, (...) professa o culto e chamamento dos mortos", ideia também presente em outro belíssimo texto que traz a lume, esse da lavra do escritor português Ramalho Ortigão, segundo o qual é em Os Lusíadas que repousa a síntese do conceito de nação portuguesa.
É dessa natureza a qualidade e a beleza do texto de que falamos.
_______________
_________________Miriam C. Silva, do TJ/SP, de São Paulo.
__________________