Inteligência Política

O panorama estadual

A situação eleitoral dos governos estaduais é uma amostra de que o clima político de 2022 é muito diferente do que vivemos em 2018.

21/9/2022

Em 2022, além de eleger um presidente da República e de renovar um terço do Senado e toda a Câmara dos Deputados, os brasileiros irão às urnas para escolher novos governadores de 26 estados e do Distrito Federal.

Neste pleito, 20 governadores disputam a reeleição e dentre esses há os que foram eleitos em 2018 e disputam um novo mandato para o mesmo cargo, mas também aqueles que se elegeram como vices na chapa vencedora e assumiram o mandato durante os últimos quatro anos. Há, ainda, um caso de governador eleito indiretamente depois de os dois nomes da chapa eleita renunciarem ao posto.

Entre os partidos políticos, os que mais inscreveram candidatos aos governos estaduais foram: PSOL (20); PSTU (17); PCO (16); PL (14); PT (13); UNIÃO (12); PSD (11); PCB (11); PDT (10). São 186 homens (83%) e 38 mulheres candidatas (17%).

O pleito de 2018 foi marcado pela ascensão de governadores de fora da política. Tivemos vitórias de Carlos Moisés, então do PSL de Santa Catarina, que nunca tinha ocupado nenhum cargo público, assim como Marcos Rocha, vencedor em Rondônia, e Wilson Witzel, que se tornou governador do Rio de Janeiro. À época, apenas 10 dos 27 governadores foram reeleitos.

Quatro anos depois, há perspectivas distintas nas corridas estaduais: nomes inovadores e que nunca disputaram eleições não devem ter a mesma força. O clima de renovação política estava presente em 2018, quando muitas pesquisas apontavam que temas como corrupção e rejeição à classe política estavam em alta. Hoje, por outro lado, o problema é a economia, a saúde e outros temas de políticas públicas mais comuns.

Por essa razão, temos 19 dos 20 governadores que disputam a reeleição liderando as pesquisas. O único que não lidera, no momento, é Rodrigo Garcia (PSDB) em São Paulo. Além disso, 11 dessas eleições estaduais possuem chance de acabar no primeiro turno, dada a magnitude de votos dos incumbentes: Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Norte, Roraima e Tocantins.

Apenas para colocarmos em perspectiva, reiteramos: em 2018, apenas 10 governadores foram reeleitos. Em 2022, temos 11 fortes possibilidades da reeleição de atuais governadores se dar em primeiro turno. Para título de comparação, apenas 7 governadores foram reeleitos em primeiro turno a quatro anos atrás.

A situação eleitoral dos governos estaduais é uma amostra de que o clima político de 2022 é muito diferente do que vivemos em 2018. Este ano devemos ver, não só no governo dos Estados, mas também na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e nas assembleias legislativas, um perfil político mais comum, sem tantas caras novas como vimos na última eleição. Aqueles que querem entrar na política pela primeira vez, portanto, terão mais dificuldades do que teriam se disputassem as eleições em 2018.

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Colunistas

Bernardo Livramento é sócio da Fatto Inteligência Política. É graduado em Ciência Política pela UnB e em Administração Empresarial pela UDESC. Atualmente é pós-graduando em Comunicação Política Estratégica pela FLACSO do México. Integrou a equipe de Análise Política da XP Investimentos (2019) e gerenciou a atuação da FEJERS – Federação de Empresas Juniores do Rio Grande do Sul – junto às três esferas dos três níveis do poder público do país (2019). Fundador da Demodata, empresa de pesquisas parlamentares que faz levantamentos frequentes com os parlamentares do Congresso Nacional. Aprofundou-se em análise política voltada para mercado financeiro.

Rafael Favetti é sócio da Fatto Inteligência Política e escritório Favetti Sociedade de Advogados. Cientista político, professor e advogado. Mestre em Ciência Política pela UnB. Foi assessor e chefe de gabinete de ministro do STF, consultor jurídico e secretário executivo do Ministério da Justiça, além de consultor de partido no Senado Federal. Doutorando em Direito pelo IDP e também foi conselheiro titular da OAB/DF.