Inteligência Política

Popularidade em ano eleitoral: desafio histórico para Bolsonaro

É natural que candidatos a reeleição busquem políticas públicas que resultem em aumento de popularidades.

3/5/2022

A pesquisa Exame/Ideia Big Data, divulgada em 24 de março deste ano, mostrou que 28% da população avalia o governo Bolsonaro como ótimo ou bom. Aqueles que veem a administração de Bolsonaro como regular são 24% da população, e, por fim, 45% que avaliam como ruim ou péssimo.

Na comparação histórica, os números desanimam a campanha para reeleição. No mesmo período de mandato, as avaliações ruins ou péssimas de FHC, Lula e Dilma eram, respectivamente, 21%, 23% e 25% (Datafolha). Não à toa, há pressão palaciana a fim de soluções aos anseios mais urgentes da população, principalmente no que diz respeito à inflação e ao poder de compra do eleitor.

É natural que candidatos a reeleição busquem políticas públicas que resultem em aumento de popularidades. No caso de Bolsonaro, no entanto, ele corre contra o tempo, pois reverter 45% de avaliação ruim ou péssima é um desafio e tanto até outubro.

Todos os ex-presidentes que se candidataram a reeleição foram reeleitos e conseguiram melhorar suas avaliações nos anos eleitorais. FHC, Lula e Dilma tiveram uma trajetória ascendente de março a setembro de 1998, 2006 e 2014. Em outubro, em plena campanha eleitoral, atingiam seus picos.

Entre março de 1998 a setembro de 1998, o índice ótimo e bom de FHC passou de 38% a 43%, ao passo que o ruim e péssimo foi de 21% para 17%. Lula foi o recordista de aumento de popularidade em anos de reeleição: também partiu de 38% e chegou a 47% em setembro. O ruim e péssimo variou de 23% para 17%. Por fim, Dilma subiu de 36% em março para 39% em setembro. O ruim e péssimo foi de 25% a 23%, baixando dentro da margem de erro.

Em média, os ex-presidentes conseguiram aumentar em 5,6% suas avaliações de ótimo e bom nos anos eleitorais. Quanto a rejeição, aferida por aqueles que avaliam o governo como ruim ou péssimo, os números apresentam, em média, uma queda de 4%.

Bolsonaro, para se reeleger, terá que bater os recordes de alta histórica (9%) bem como diminuir a rejeição além da máxima histórica (6%).  

Apenas como exercício teórico, se assumirmos que Bolsonaro não quebre recordes e tenha o desempenho médio dos ex-presidentes, quando chegarmos às vésperas da eleição sua avaliação de ótimo e bom pularia para 33,6% e a rejeição diminuiria para 41%. Seria incumbente com os piores índices desde a redemocratização.

Como se lembrou aqui, todos candidatos à reeleição - desde a EC 16 de 1997 – tiveram sucesso. Porém, os dados históricos revelam que a campanha para reeleição em 2022 tem mais desafios que as anteriores.

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Colunistas

Bernardo Livramento é sócio da Fatto Inteligência Política. É graduado em Ciência Política pela UnB e em Administração Empresarial pela UDESC. Atualmente é pós-graduando em Comunicação Política Estratégica pela FLACSO do México. Integrou a equipe de Análise Política da XP Investimentos (2019) e gerenciou a atuação da FEJERS – Federação de Empresas Juniores do Rio Grande do Sul – junto às três esferas dos três níveis do poder público do país (2019). Fundador da Demodata, empresa de pesquisas parlamentares que faz levantamentos frequentes com os parlamentares do Congresso Nacional. Aprofundou-se em análise política voltada para mercado financeiro.

Rafael Favetti é sócio da Fatto Inteligência Política e escritório Favetti Sociedade de Advogados. Cientista político, professor e advogado. Mestre em Ciência Política pela UnB. Foi assessor e chefe de gabinete de ministro do STF, consultor jurídico e secretário executivo do Ministério da Justiça, além de consultor de partido no Senado Federal. Doutorando em Direito pelo IDP e também foi conselheiro titular da OAB/DF.