Gramatigalhas

Pronome relativo preposicionado

Entenda mais sobre o pronome relativo preposicionado com o Professor José Maria da Costa.

24/11/2004

A leitora Denise Sgarbosa Barichello Ferrassini enviou correspondência eletrônica a este jornal com o seguinte teor:

"Quero 'denunciar' ao prof. José Maria da Costa um resvalo dos nossos migalheiros na edição de hoje (Migalhas 917), na nota 'FOGO': 'Ele denunciou estar sofrendo maus-tratos no Serviço de Proteção Especial ao Depoente da PF, O QUAL foi incluído depois de fazer denúncias contra o crime organizado da Paraíba .' O QUAL OU NO QUAL?"

1) Aspecto interessante, quanto a esse tópico, diz respeito à regência verbal.

2) Se funciona como complemento, o pronome relativo depende totalmente da regência do verbo ao qual se liga.

3) Assim, se vai ou não haver preposição antes do pronome, ou qual vai ser essa preposição, tudo depende do verbo que está sendo completado pelo pronome. Vejam-se os exemplos:

a) “Editou-se uma lei em que acreditamos, com que simpatizamos e por que lutamos” (acreditar em, simpatizar com e lutar por);

b) “Fazer da aplicação da lei a arte de distribuir justiça é o ideal a que aspiramos, com que simpatizamos e em que nos comprazemos” (aspirar a, simpatizar com e comprazer-se em).

4) Assim é a lição de Sousa e Silva a esse respeito: “Nas orações adjetivas cujo pronome relativo não funcione como sujeito, se o verbo exigir alguma preposição, coloca-se esta antes do relativo”. Exs.:

a) “Atualmente, os meios de que dispomos...”;

b) “Fui traído pelos amigos em quem mais confiava”;

c) “...em relação àquele a quem devia respeito e admiração”;

d) “É um monumento de que todos os brasileiros se orgulham” (dispor de, confiar em, dever respeito e admiração a, orgulhar-se de).

5) Num segundo aspecto, lembra tal autor que, “se o relativo for o adjetivo (atualmente pronome adjetivo) cujo, a construção gramatical é idêntica”. Exs.:

a) “...eram R. S. e um pretinho de cujo nome não se lembra” (lembrar-se de).1

6) Desse modo, no que respeita à questão especificamente submetida a nossa análise, se o verbo incluir exige a preposição em, e se alguém foi incluído no programa, está certo o leitor: no qual foi incluído, e não

o qual foi incluído.
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1 Cf. SILVA, A. M. de Sousa e. Dificuldades Sintáticas e Flexionais. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1958. p. 230-233.

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.