Gramatigalhas

A disposição ou à disposição?

A expressão "a disposição" deve ser grafada com ou sem crase?

25/9/2013

O leitor Fábio Telles Siqueira envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Caros Senhores: Tenho dúvidas acerca da correta grafia de 'a disposição' ou 'à disposição'. Muito obrigado!"

"A disposição" ou "à disposição"?

1) Um leitor indaga qual a forma correta: a disposição ou à disposição.

2) Parta-se do princípio de que crase é a fusão de duas vogais idênticas, e o encontro mais corriqueiro dessa natureza é o da preposição "a" com o artigo feminino "a" ou "as", com o resultado de à ou às.

3) Mas não se esqueça que, quando se fala em preposição, pensa-se em uma estrutura sintática, com as partes da oração relacionadas entre si, de modo que, no caso, não é possível responder à indagação tal como formulada, por não se conhecer em que contexto se encontra a expressão discutida.

4) Por isso, para poder responder adequadamente à indagação, formulam-se dois exemplos: I) "A disposição dele já não era a mesma..."; II) "Ele sempre estava a disposição dos companheiros..." (O acento indicativo da crase, em um dos exemplos, foi eliminado de propósito, para efeito de raciocínio).

5) Ora, na prática, quando se quer saber se há crase antes de um substantivo comum feminino (como é o vocábulo disposição no caso da consulta), o melhor é substituir mentalmente tal substantivo feminino por um correspondente masculino, como, por exemplo: I) "O entusiasmo dele já não era o mesmo..."; II) "Ele sempre estava ao dispor dos companheiros..."

6) Feito esse raciocínio simples, então se aplica a seguinte regra geral de crase: se, com a substituição, aparece ao ou aos no masculino, há crase no feminino.

7) E se conclui para o caso da consulta: I) "A disposição dele já não era a mesma..."; II) "Ele sempre estava à disposição dos companheiros..."

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*Publicado originalmente em 4/3/09

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.