A leitora Marlene Nissola envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:
"Solicito a gentileza de esclarecer o emprego de 'idem' e/ou 'ibidem' em notas de rodapé, pelo que desde já agradeço."
1) Idem é pronome latino - e não adjetivo, como, entre outros, considera o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda Ferreira1 - correspondente à forma nominativa neutra do masculino "isdem" (com o sentido de precisamente aquele) e à forma feminina "eadem", com idéia reforçativa, e tem tal vocábulo, em suma, o significado de o mesmo, a mesma coisa.
2) É usado nas citações, para indicar o mesmo autor, da mesma forma, e isso com o intuito de evitar repetições.
3) Sua pronúncia é paroxítona (ídem).
4) Sua abreviatura é id.
5) Por pertencer a outro idioma, a rigor é palavra que deve vir entre aspas, em itálico, negrito, sublinha ou com grifo indicador de tal circunstância.
6) Já ibidem é advérbio latino e tem o significado de aí mesmo, no mesmo lugar.
7) Usado em citações, tem o sentido de na mesma obra, capítulo ou página a que anteriormente se fez referência.
8) Sua pronúncia é paroxítona (ibídem), não proparoxítona (íbidem).
9) Sua abreviatura costuma ser ib.
10) Antonio Henriques também lhe aceita ibid. por abreviação.2
11) O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, que é o veículo oficialmente incumbido de determinar quais as palavras que integram nosso idioma, refere-a como advérbio latino, excluindo-a, desse modo, de nosso léxico.3
12) Por pertencer a outro idioma, a rigor é palavra que, quando escrita por extenso, deve vir entre aspas, em itálico, negrito, sublinha ou com grifo indicador de tal circunstância.
13) Para distingui-la de idem, assim leciona Arnaldo Niskier: "Essas palavras são encontradas com freqüência em notas bibliográficas. Normalmente, idem significa o mesmo, da mesma forma, e ibidem no mesmo lugar; em notas bibliográficas, idem significa o mesmo autor, ibidem na mesma obra (ou na mesma página)".4
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1Cf. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 8. reimpressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 738.
2 Cf. HENRIQUES, Antonio. Prática da Linguagem Jurídica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 89.
3Cf. Academia Brasileira de Letras, Op. cit., p. 824, nota 2.
4Cf. NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria de Planejamento Ltda., 1992. p. 42.