O leitor Álvaro Lorencini envia-nos a seguinte mensagem:
"Bem esclarecida a dúvida 'venda à vista/venda a prazo' (Migalhas 1.637 – 18/4/07 – "Gramatigalhas" – clique aqui), será que vai na mesma direção a oposição entre 'escrever à maquina (ou à mão)' / 'escrever a lápis'? Saudações".
1) Em termos técnicos de estrutura gramatical, costuma-se teorizar com o ensino de que não se usa o sinal indicativo da crase antes de palavras femininas que formem locuções adverbiais de meio ou de instrumento. Exs.:
I) – "O poeta escrevia seus versos a máquina";
II) – "O carro tinha um motor a gasolina";
III) – "O navio era movido a vela".
2) Em termos práticos, como ocorre de um modo geral, a substituição dos vocábulos em negrito por correspondentes do masculino mostra que, operada a substituição, não aparece ao no masculino, de modo que não há crase no feminino. Exs.:
I) – "O poeta escrevia seus versos a lápis";
II) – "O carro tinha um motor a álcool";
III) – "O navio era motivo a vapor".
3) Para oportuno esclarecimento, apenas em uma hipótese se emprega a crase nesses casos: quando se corre o risco de ambigüidade. Quando isso acontece, por um lado, não há motivo técnico algum para o emprego da crase; por outro lado, contudo, ela é usada exatamente para dirimir qualquer dúvida a respeito de qual seja o sentido da frase. Exs.:
a) "Ele pintava a mão" (passava tinta na própria mão);
b) "Ele pintava à mão" (segurava as mãos com o pincel, não se valendo de nenhum outro instrumento para tanto).
4) Como, porém, o caso dos autos não possibilita a ocorrência de ambigüidade, então não há justificativa alguma para o emprego da crase.