Gramatigalhas

Fiscala – Existe?

"Professor, a palavra fiscal é comum de dois gêneros? A palavra 'fiscala' existe?"

8/4/2015

A leitora Vitória C. Araújo envia ao autor de Gramatigalhas a seguinte mensagem:

"Professor, a palavra fiscal é comum de dois gêneros? A palavra 'fiscala' existe?"

1) Estendendo ao vocábulo lição proferida a outra palavra, Geraldo Amaral Arruda observa que melhor é a forma fiscal "tanto no masculino como no feminino", justificando que na linguagem culta são muitos os substantivos com essa terminação que "variam no gênero com a simples mudança do artigo e do adjetivo que os modifiquem".

2) Acrescenta ele que adjetivos dessa natureza - de segunda classe - em latim, tinham uma mesma forma para o masculino e para o feminino, e, ao se formar o substantivo de tal adjetivo, "surgia um substantivo masculino ou feminino, conforme fosse masculino ou feminino o substantivo suprimido no ato da substantivação".

3) E conclui que "o mesmo processo perdurou no português", razão pela qual, "se uma mulher entrar para os quadros da fiscalização de rendas do Estado, chamar-se-á ela a fiscal", sendo fiscala o que ele considera uma "solução inferior", portadora de "conotação depreciativa ou jocosa".

4) Também o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, que é o veículo oficial indicador das palavras existentes em nosso idioma e da própria maneira de sua flexão, veículo esse que não registra fiscala, atribui a tal substantivo os dois gêneros, o que significa dizer que as formas autorizadas são o fiscal e a fiscal.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.