Gramatigalhas

Grato ou gratidão?

Grato ou gratidão? O Professor José Maria da Costa mostra a diferença.

21/9/2022
A leitora Olinda Aparecida Dias Câmara envia à coluna Gramatigalhas a seguinte mensagem:

"Tenho observado a utilização constante do substantivo 'gratidão' em vez dos adjetivos 'grato' ou 'obrigado'. Está correto?"

1) Uma leitora observa que tem notado a constante utilização do substantivo gratidão em vez dos adjetivos grato ou obrigado. E indaga se é correta essa substituição.

2) Ora, à falta de uma explicação maior da leitora sobre o local onde tem visto essa utilização, a ideia que vem é que, ao final de um bilhete, cartão, carta ou mensagem, seguindo o que é costume entre nós, encontrou ela uma palavra como grato ou obrigado.

3) E essa pequena palavra significa muito, pois simboliza para o destinatário uma expressão muito maior: (a) "Eu sou grato pelo que você fez"; (b) "Eu me sinto obrigado a retribuir o favor que você me prestou".

4) E aqui, num parêntese, observa-se que essa palavra grato ou obrigado, em todos esses casos, há de variar conforme o gênero e o número da pessoa que escreve: Grato, grata, gratos, gratas; obrigado, obrigada, obrigados, obrigadas.

5) Essas palavras, porém, não são sacramentais, nem obrigatórias, de modo que nada impede que se utilizem outras em seu lugar.

6) E, assim, nada impede que, no lugar de grato ou obrigado, se empregue o vocábulo gratidão, que teria um significado também interessante: "O que sinto é gratidão pelo que favor que você me fez". Não há, no caso, palavras sacramentais que devam ser usadas e que possam impedir o emprego de outras.

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.