1) Um leitor indaga como se deve abreviar a palavra Dona, que é o título que precede o nome próprio das senhoras e provém do latim (domina, que significa senhora).
2) Ora, o Formulário Ortográfico oficial – que é um conjunto de instruções estabelecido pela Academia Brasileira de Letras para a organização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e registra as reduções mais correntes, a par de trazer a explicação de que "uma palavra pode estar reduzida de duas ou mais formas"1 – não mostra, por seu lado, uniformidade, nem, muito menos, critérios fixos. É confuso e deficiente nesse campo, e deixa sem solução diversos problemas.
3) Mas, ante a própria visão oficial mais permissiva, quando se tiver que abreviar, o melhor será ter em mente a advertência de Napoleão Mendes de Almeida: "O que a abreviatura, contração ou sigla deve objetivar é a clareza; alcançada esta, não cabem objeções".2
4) Em outras palavras, o melhor é concluir que não existe necessariamente apenas uma forma oficial para tanto, de modo que ao usuário do idioma assiste certa liberdade para abreviar as palavras, guardados, obviamente, determinados parâmetros e princípios.
5) No caso específico de Dona, a forma abreviada mais corriqueira é o d. ou D. (o emprego da minúscula ou maiúscula é facultativo, assim como na forma por extenso – dona Maria ou Dona Maria): assim, d. Maria ou D. Maria. Não parece inviável, todavia, usar também da. Maria ou Da. Maria.
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1 Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed. São Paulo, Global Distribuidora Editora Ltda., 2009, p. 865.
2 ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. São Paulo: Editora Caminho Suave, 1981, p. 6.