Gramatigalhas

Enviem-me ou Enviem para mim?

Enviem-me ou Enviem para mim? O Professor esclarece.

9/12/2020

A leitora Marta Carvalho envia à coluna Gramatigalhas a seguinte mensagem:

"Qual a forma correta: 'Enviem-me a resposta' ou 'Enviem para mim a resposta'?

1) Uma leitora indaga, em resumo, qual das duas formas é a correta: (i) "Enviem-me a resposta"; (ii) "Enviem para mim a resposta".

2) Ora, a questão do emprego dos pronomes pessoais oblíquos é um tanto quanto vasta e complexa, de modo que a análise a que aqui se vai proceder haverá de restringir-se ao quanto é estritamente do interesse da leitora na consulta que formulou.

3) E se começa por uma distinção: (i) os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos (aqueles que aparecem sem preposição, como me, te, se, nos, vos; (ii) ou então podem ser tônicos (aqueles que aparecem com preposição, como a mim, a ti, a si, a nós, a vós.

4) Vejam-se os seguintes exemplos: (i) "Amas-me?"; (ii) "Amo-te". Nesses exemplos, o pronome átono, na função de complemento, está perfeitamente bem empregado.

5) Vejam a variação de tais exemplos, em formas também perfeitamente aceitas pelas regras e pela eufonia do vernáculo: (i) "Amas a mim?"; (ii) "Amo a ti". Nesses exemplos, o pronome é tônico, também está na função de complemento e, de igual modo, está perfeitamente bem empregado.

6) Nesse quadro de exemplos de utilização intercambiável do pronome pessoal oblíquo átono ou do pronome pessoal oblíquo tônico se inclui a resposta à indagação da leitora, em que estão corretas ambas as variáveis da frase que ela apresentou: (i) "Enviem-me a resposta" (correta); (ii) "Enviem para mim a resposta" (correta).

7) Muito embora sem querer entrar em explicações mais profundas, complexas e abrangentes, lembra-se que nem todas as frases permitem que se empreguem ambas as formas de maneira intercambiável, como se pode ver nos seguintes exemplos: (i) "Não duvides de mim"; (ii) "Tenho pena de ti"; (iii) "Gosto de ti".

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.