O leitor Ronald Schummert Siqueira envia-nos a seguinte mensagem:
"Caro professor José Maria da Costa. Qual a grafia correta para escrever R$ 1.000,00 por extenso? a) Mil reais; b) Um mil reais; c) Hum mil reais? Atenciosamente"
1) É comum encontrar, tanto nos cheques como na especificação por extenso de números em documentos contábeis, a grafia errônea hum para o numeral cardinal um.
2) Vale a lembrança da lição de José de Nicola e Ernani Terra: "Trata-se de um equívoco injustificável. O numeral cardinal admite apenas a forma um".
3) E complementam tais autores: "Por outro lado, existe a palavra hum: trata-se de uma interjeição e, via de regra, indica desconfiança, impaciência, dúvida: ‘Hum! Isto me cheira a trapaça"'.1
4) Não é diverso o posicionamento de Napoleão Mendes de Almeida, que, quanto a seu uso nas quantificações - sobretudo em preenchimento de cheques - lembra não vir tal cardinal precedido de um.2
5) Observando que "entre os numerais cardinais nunca se fala em hum, forma arcaica que bancários e banqueiros tentam ressuscitar para evitar fraude", lembra Antonio Henriques que "nem mesmo a Lei do Cheque (nº 2.591, de 7/8/1972) faz tal exigência". E adverte tal autor: "que se evitem fraudes, mas não atropelando a linguagem".3
6) Em outro aspecto, Domingos Paschoal Cegalla observa que "não se usa um antes de mil. Diga-se ou escreva-se mil reais, mil e quinhentos dólares. No preenchimento de cheques, evite-se escrever hum mil reais, hum mil e oitocentos reais. Há meios tão seguros quanto esse para evitar falsificações sem atropelar a língua".4
7) Respondendo, de modo específico, à pergunta, o correto é mil reais, e não um mil reais nem hum mil reais.
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1Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 126.
2Cf. ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. São Paulo: Editora Caminho Suave Ltda., 1981. p. 324.
3Cf. HENRIQUES, Antonio. Prática da Linguagem Jurídica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 196.
4Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1999. p. 404.