O leitor Arthur Vieira de Moraes Neto envia-nos a seguinte mensagem:
"Como o palavreado dominante é o utilizado por Vossas Excelências, os parlamentares, peço vênia para perguntar à Redação algo que me intriga: Uma campanha publicitária, veiculada nos rádios conclama profissionais liberais para fazerem seguro com vantagens. Chama os profissionais do Direito de ad(i)vogados, seguindo certamente ad(i)mirar, ad(i)ministrar, etc. Ora a letra muda chama-se 'de' e não 'di'. Ninguém fala p(i)neu e sim p(e)neu, e o caso é o mesmo, 'pe' mudo e não 'pi'. Creio que muitos migalheiros ficarão agradecidos se houver um esclarecimento. Com a palavra a redação. Grato."
1) Quando se tem, em determinado vocábulo, p+e, pronuncia-se pe; já p+i soa, logicamente, pi. P sozinho, todavia, não seguido de vogal alguma na palavra, não é pe nem pi; constitui apenas um ruído, e não um som, uma vez que este se caracteriza pela presença de uma vogal: a, e, i, o, u.
2) Deve-se ter em mente essa realidade, quando se está diante de palavras com consoantes desacompanhadas de vogais: absoluto, administração, admirar, advogado, captar, optar, pneu, psicologia.
3) Tente o leitor, como exercício, pronunciar, diferenciando, pe, pi e simplesmente p. Quando notar a diferença, verá, por exemplo, que a pronúncia não será p(i)neu nem p(e)neu, mas apenas pneu. Em seguida, tente exercitar-se na pronúncia de outras palavras que tenham consoantes desacompanhadas de vogais, como as da lista anterior.
4) Quando isso ocorrer, há de verificar, para o caso específico da consulta, que não se pronuncia ad(e)vogado nem ad(i)vogado, mas apenas advogado.
5) Acrescente-se, ainda, que a parte da Gramática que cuida da correta pronúncia dos vocábulos chama-se ortoepia (ou ortoépia). E Eliasar Rosa, a respeito de advogado, faz a seguinte advertência: "É comum ouvir o barbarismo: adevogado. Epêntese viciosa que até advogados cometem, porque não proferem muito ligeiramente o d, mas lhe acrescentam, na pronúncia, um e inexistente".1
6) Esclareça-se, por fim, que epêntese viciosa é a inserção equivocada de um ou mais fonemas no meio de uma palavra, geralmente para facilitar a pronúncia.
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1Cf. ROSA, Eliasar. Os Erros Mais Comuns nas Petições. 9. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S/A, 1993. p. 23.