Gramatigalhas

Em mão ou Em mãos?

Em mão ou Em mãos? O Professor esclarece a dúvida.

29/6/2016

O leitor Davi Miranda Monteiro envia a seguinte mensagem para a seção Gramatigalhas:

"Qual é a expressão correta de acordo com a norma culta: 'em mão' ou 'em mãos'? No Brasil, parece haver o uso consagrado de ambas as formas. Será que a gramática normativa também abona as duas expressões?"

E o leitor Rogério Castro também envia a seguinte mensagem:

"Sou advogado há 22 anos, e um dos meus livros de cabeceira é o Manual de Redação Profissional, de sua lavra. A referida obra é importantíssima no auxílio ao exercício gramatical da minha profissão. Hoje, no entanto, surgiu uma dúvida no escritório, e eu não soube explicar o motivo correto da expressão 'em mãos' ou 'em mão'. Os dicionaristas divergem, a maioria deles dizendo que as duas formas podem ser utilizadas. Gostaria, se possível, do seu parecer, com as devidas explicações. Um abraço e muito obrigado."

1) Dois leitores querem saber qual a forma correta: em mão ou em mãos? E um deles indaga qual o seu real significado?

2) Ora, a entrega de uma determinada carta ou objeto ao respectivo destinatário pode ser confiada a alguém em particular, e não ao correio. É exatamente desse modo de entrega de correspondência que se diz em mão, ou em mãos, ou em mão própria, ou em mãos próprias.

3) E, no sobrescrito da carta, costuma-se abreviar E. M. ou E. M. P.

4) Aurélio Buarque de Holanda Ferreira1 e Cândido Jucá Filho2 trazem apenas a forma no singular para ambas as expressões; já Antônio Houaiss as registra no singular e no plural.3 E todos sem comentário algum acerca de uma ou de outra posição.

5) Domingos Paschoal Cegalla, por seu lado, justifica que "as duas formas são corretas, mas no Brasil se emprega geralmente em mãos".4

6) Ante esse quadro, a postura mais adequada parece ser aquela que dá por corretas todas essas formas de expressão.

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1 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010, p. 1.332-1.333.

2 JUCÁ FILHO, Cândido. Dicionário Escolar das Dificuldades da Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Fename – Fundação Nacional de Material Escolar, 1963, p. 409.

3 HOUAISS, Antônio (Organizador). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2001, p. 1.843.

4 CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 136.

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.