Gramatigalhas

Fazer erros – Está correto?

Fazer erros – Está correto? O Professor esclarece a dúvida.

9/12/2015

O leitor Anselmo Oliveira envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"O uso de expressões como 'fazer erro', 'fazer passeio' no lugar de 'errar', 'passear' é permitido? Aguardo esclarecimentos do professor."

1) É comum entre nós, na linguagem popular, que se empreguem os chamados verbos vicários, isto é, verbos que fazem as vezes de outros, tendendo o sentido da frase para a generalização.

2) Ouvem-se, por isso, com frequência, expressões como fazer erros (por cometer erros), fazer música (por compor música), fazer passeios (por passear ou empreender um passeio).

3) Além do empobrecimento do vocabulário pela omissão do verbo de significação específica cabível no caso concreto, também se compromete, em tais casos, o real e específico sentido da palavra que deveria ser usada para a correta e adequada expressão do pensamento.

4) Mas não é só: Alfredo Gomes arrola expressões dessa natureza entre os galicismos sintáticos, isto é, entre os "modos de dizer, locuções de cunho francês", que, bem por isso, se hão de evitar.

5) Júlio Nogueira insere tal expressão entre as locuções e frases completas que conservam o "ar francês" do galicismo, espécies das mais repreensíveis, "pois não correspondem a uma necessidade da língua".

6) Arrolando as expressões fazer de conta, fazer música, fazer um passeio como galicismos, Luís A. P. Vitória observa, contudo, que, ao lecionarem dessa maneira, "perdem tempo os puristas, pois essas expressões são de uso consagrado".

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.