Gramatigalhas

Macérrimo, Magérrimo ou Magríssimo?

Macérrimo, Magérrimo ou Magríssimo? O Professor esclarece a dúvida.

27/8/2014

O leitor Henrique Dutra envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Quando um homem é muito magro ele é macérrimo, magérrimo ou magríssimo? Agradeço."

1) A par da formação popular magríssimo, lembrada por Carlos Góis e Herbert Palhano para o superlativo absoluto sintético de magro, a forma erudita de tal superlativo absoluto sintético, pela derivação latina, é macérrimo.

2) Macérrimo, aliás, é a única forma de superlativo absoluto sintético que Luiz Antônio Sacconi dá para o adjetivo magro.

3) Para Gladstone Chaves de Melo, o superlativo magérrimo, que circula na linguagem coloquial, "não tem suporte na tradição da língua, nem em raiz latina ou alatinada. É, portanto, inaceitável e errado".

4) Também macérrimo é o superlativo absoluto sintético de magro dado por Antenor Nascentes.

5) Mesmo na atualidade, lembra Arnaldo Niskier que "a língua falada ainda não conseguiu impor a forma magérrima, que continua sendo considerada errônea".

6) Na lição de Domingos Paschoal Cegalla, "a forma magérrimo é anormal. Prefira-se macérrimo (forma erudita) ou magríssimo (forma vulgar)".

7) Também Artur de Almeida Torres refere os superlativos macérrimo e magríssimo, mas não magérrimo.

8) Para José de Nicola e Ernani Terra, "embora as formas populares magérrimo e magríssimo sejam de largo uso, uma pessoa muito magra é uma pessoa macérrima".

9) Registra, todavia, magérrimo o Dicionário da Melhoramentos.

10) Também nessa última vertente e contrariando o histórico do vocábulo, para Silveira Bueno, "é possível, exista a forma macérrimo; está, porém, contra as leis da fonética. Devemos, portanto, usar da outra correta: magérrimo ou da vernácula magríssimo".

11) Já Cândido de Oliveira arrola três superlativos absolutos sintéticos para magro: magérrimo, macérrimo e magríssimo.

12) Talvez para atender ao constante emprego popular, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado pela Academia Brasileira de Letras – órgão oficial para determinar o que é correto ou não no campo do léxico – veio a dirimir quaisquer controvérsias, acolhendo como corretas as formas macérrimo e magérrimo, motivo por que está oficialmente autorizado o emprego de ambas.

13) Observe-se, ademais, que o VOLP não registra a forma magríssimo, e isso assim se dá, porquanto não se registram normalmente as formas regulares do superlativo absoluto sintético. Isso, todavia, não quer dizer que não seja forma correta e perfeitamente empregável.

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.