O leitor W. L. N. envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:
"Fui aluno de conhecido professor, que sempre insistiu em que a forma correta é preeminente, de modo que proeminente seria forma errada. Procede?"
1) Um leitor relata ter sido aluno de conhecido professor, e este sempre insistia em que preeminente era a forma correta, enquanto proeminente seria a forma errada. E indaga o leitor qual a forma correta da expressão.
2) Observe-se, num primeiro aspecto, que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa registra ambas as palavras: preeminente e proeminente.1
3) Ora, o VOLP é editado pela Academia Brasileira de Letras, e esta detém a delegação legal para listar oficialmente os vocábulos existentes em nosso idioma, de modo que não remanesce dúvida quanto à efetiva existência de ambos os vocábulos no vernáculo.
4) Num segundo aspecto, uma consulta aos dicionários revela que proeminente tem o sentido primário e físico daquilo que avança em ponta, como maçãs do rosto proeminentes ou queixo proeminente.
5) Desse sentido físico, passou-se ao sentido metafórico, para indicar aquele ou aquilo que se eleva acima do que está em volta, ou aquele que se destaca por qualidades intelectuais ou morais em seu meio. Exs.: a) "Falo aos cidadãos proeminentes desta cidade"; b) "Buscava garimpar ideias proeminentes, que pudessem frutificar nas mentes dos concidadãos".
6) Já para preeminente, os dicionários referem a acepção daquilo que está muito acima do que está em sua volta, ou superior, ou excelso, ou sublime, ou que se distingue pelo mérito ou saber, ou nobre, distinto, ilustre. Exs.: a) "Um saber assim preeminente não pode ficar escondido"; b) "Ideias preeminentes foram explicitadas naquela reunião".
7) Da comparação entre as acepções e os exemplos, pode-se concluir em síntese: a) proeminente, por um lado, tem um sentido físico, que não se encontra em preeminente; b) no sentido metafórico, todavia, proeminente é sinônimo de preeminente.
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1 Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed., 2009. São Paulo: Global. p. 673 e 677.