Gramatigalhas

Paisano ou A paisano?

Paisano ou A paisano? O professor José Maria da Costa esclarece.

4/5/2011

A leitora Dayane Marciano de Oliveira Castro envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Paisano é substantivo masculino. Como aplicar a palavra quando em expressões tais como 'a paisano' ? Utiliza-se 'Fulano estava paisano' ou 'Beltrano estava a paisano' ? Obrigada !"

1) Uma leitora parte do princípio de que paisano é um substantivo masculino e indaga como aplicar tal vocábulo em expressões como a paisano.

2) Observa-se, num primeiro aspecto, que paisano pode ser um substantivo ou adjetivo. Nesse caso, normalmente, tem o sentido de pessoa natural de certa região, e não parece haver dificuldade no emprego ou concordância do vocábulo. Exs.: I) "Os paisanos se diferenciavam dos turistas quanto às vestes, ao modo de proceder e de se alimentar" (substantivo); II) "As camponesas paisanas pareciam mais recatadas que as turistas" (adjetivo).

3) Num segundo aspecto, importa anotar que existe a expressão invariável à paisana, a significar militar em trajes civis (e, por extensão, qualquer um que normalmente se vista de modo diferenciado e que, em certa situação, esteja com vestes informais). Exs.: I) "Em seu dia de folga, os militares desceram à paisana e foram divertir-se no clube da cidade"; II) "De olhar, conheço um padre, ainda que à paisana".

4) Resumindo para a indagação da consulta: I) A expressão é à paisana, e não a paisano; II) Tal expressão, em português, tem normalmente o significado de em trajes civis; III) Não importando outras variações sintáticas na frase, permanece ela invariável; IV) O correto é dizer "Fulano estava à paisana" ou "Beltrano estava à paisana", e não "Fulano estava a paisano" ou "Beltrano estava a paisano"; V) Também não é correto dizer "Fulano estava paisano" ou "Beltrano estava paisano".

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.