Gramatigalhas

Dêmos ou Demos?

Dêmos ou Demos? O professor José Maria da Costa esclarece.

13/6/2012

A leitora Mariana Caldas do Nascimento envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"É verdade que, com as recentes mudanças em nosso sistema de escrita, o verbo dar, na primeira pessoa do plural do presente do indicativo (demos), passou a ser acentuado?"

1) Um leitor pergunta se é verdade que, com as recentes mudanças em nosso sistema de escrita, o verbo dar, na primeira pessoa do plural do presente do indicativo, passou a ser acentuado.

2) Reitere-se que o Acordo Ortográfico de 2008 não veio para simplificar, nem mesmo para unificar a escrita, e sim, em diversos aspectos, para regularizar e justificar a duplicidade de grafias e de pronúncias entre os usuários do idioma em Portugal (e países outros por ele colonizados) e no Brasil.

3) Seguindo essa orientação, criou tal sistema a dupla e facultativa possibilidade de grafia, mediante a diferenciação, pelo acento agudo, na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo dos verbos da primeira conjugação (louvámos, adorámos e falámos), formas essas pronunciadas de modo aberto em Portugal, para opor-se à primeira pessoa do plural do presente do indicativo (louvamos, adoramos e falamos).

4) Em critério um pouco diverso – já que aqui a forma aberta é exatamente a que não se acentua – quanto ao verbo dar, facultou o emprego do acento circunflexo em dêmos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo) para se distinguir de demos (1ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo).

5) Como tal acento é facultativo, confiram-se os seguintes exemplos, com a indicação de seu acerto ou erronia entre parênteses: a) "Quando o inimigo nos fere, é preciso que demos a outra face" (correto); b) "Quando o inimigo nos fere, é preciso que dêmos a outra face" (correto); c) "No passado, não demos a outra face" (correto); d) "No passado, não dêmos a outra face" (errado).

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.