Gramatigalhas

Amámos ou Amamos?

Amámos ou Amamos? O professor José Maria da Costa esclarece.

11/1/2012

A leitora Letícia Vizotini de Almeida envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"É verdade que as recentes modificações na Ortografia passaram a obrigar o uso do acento agudo na forma verbal amámos (pretérito perfeito) para distingui-la de amamos (presente do indicativo)?"

1) Um leitor indaga se as recentes modificações na Ortografia passaram a obrigar o uso do acento agudo na forma verbal amámos (pretérito perfeito) para distingui-la de amamos (presente do indicativo).

2) Ora, contrariamente ao que muitos pensam, o Acordo Ortográfico de 2008 não veio para simplificar a escrita; seu objetivo maior foi justificar as escritas de Brasil e Portugal, ou, talvez, sistematizá-las, mediante a permissão de emprego de formas distintas usadas em ambos os países.

3) Assim, para acertar a duplicidade de pronúncias dos dois países, criou ele a dupla possibilidade de grafia, mediante a diferenciação, pelo acento agudo, da primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo dos verbos da primeira conjugação (louvámos, adorámos e falámos), formas essas pronunciadas de modo aberto em Portugal, para opor-se à primeira pessoa do plural do presente do indicativo (louvamos, adoramos e falamos).

4) Vale lembrar que, no Brasil, com raras exceções de usuários que tiveram contatos prolongados com Portugal, não se faz distinção de pronúncia entre a primeira pessoa do plural do presente do indicativo e a primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo, de modo que ambas são aqui pronunciadas com som fechado.

5) Mas, em termos do que é a situação após o Acordo Ortográfico de 2008, sintetize-se a questão com duas observações: a) O acento ocorre no pretérito perfeito, mas não no presente do indicativo; b) Tal acento é facultativo, e não obrigatório.

6) Com essas premissas, confiram-se, quanto à grafia, os seguintes exemplos, com a indicação de sua correção ou erronia entre parênteses: a) "Será que hoje amamos os inimigos?" (correto); b) "Será que hoje amámos os inimigos?" (errado); c) "Será que, no passado, amamos os inimigos?" (correto); d) "Será que, no passado, amámos os inimigos?" (correto).

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.