Gramatigalhas

Dona – como abreviar?

Dona – como abreviar? O professor José Maria da Costa esclarece.

25/1/2012

A leitora Danielle de Luiz envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Uma dúvida que não consigo tirar nas gramáticas: como se abrevia a palavra Dona? Com minúscula ou maiúscula? Muito obrigada."

1) Uma leitora pergunta como se deve abreviar a palavra Dona.

2) Diga-se, de início, que abreviar uma palavra é representá-la por uma ou algumas de suas letras: art. por artigo, inc. por inciso, par. por parágrafo, decr. por decreto.

3) O Formulário Ortográfico oficial traz registradas as reduções mais correntes, mas não mostra uniformidade de critérios, é confuso e deficiente nesse campo, deixando sem solução diversos problemas.

4) Ante a deficiência dos critérios oficiais sobre a questão, o melhor é concluir que ao usuário do idioma assiste certa liberdade para abreviar as palavras e expressões, guardados determinados parâmetros e princípios.

5) Lembram-se, todavia, aqui, duas regras importantes nesse processo. Uma primeira: para abreviar, sempre que possível, deve-se terminar a abreviatura em consoante, não em vogal. Ex.: filosofia pode ser abreviada como filos. ou fil., mas não filo.

6) Uma segunda regra: se na parte constante da abreviatura aparece o acento gráfico da palavra, deve ele continuar na abreviatura. Ex.: em página, pode-se abreviar como pág., mas não como pag.

7) De modo específico para o caso da consulta, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, organizado e publicado pela Academia Brasileira de Letras, a qual tem a incumbência oficial de zelar pelo idioma, ao trazer as reduções mais correntes, reserva para dona nada menos do que quatro modos de abreviar: D., d., D.ª e Da.1

8) O próprio VOLP traz os motivos para o número de reduções e para os critérios adotados em sua elaboração:

a) as reduções que ele registra são "o resultado de uma coleta relativamente ampla de reduções em uso em livros publicados em português no século XX";

b) "uma palavra pode estar reduzida de duas ou mais formas";

c) isso se dá, porque "as reduções poderão ser mais ou menos fortes";

d) "busca-se economizar o mais possível com as reduções, mas, concomitantemente, diminuir o mais possível as ambiguidades e obscuridades"2

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1 Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed., 2009. São Paulo: Global. p. 868.

2 Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed., 2009. São Paulo: Global. p. 865.

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.