A leitora Suzana de Alencar Gonçalves envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:
"'A nulidade produziu prejuízo à defesa, por quanto serviu como base para a negativa do privilégio legal do furto qualificado'. Por quanto poderia ser escrito junto? Obrigada."
1) Uma leitora traz o seguinte exemplo: "A nulidade produziu prejuízo à defesa, por quanto serviu como base para a negativa do privilégio legal do furto qualificado". E indaga: a expressão por quanto poderia ser escrita como uma só palavra?
2) Ora, escreve-se separadamente por quanto, quando se tem uma preposição (por) e um pronome (quanto), ou, considerada como um todo, uma locução adverbial. Exs.:
I) "Por quanto dinheiro você vende seu apartamento?";
II) "Por quanto você vende seu apartamento?";
III) "Ele não sabia por quanto tempo ainda esperaria pelo médico".
3) Escreve-se, porém, como uma só palavra, quando é conjunção, caso em que pode ser substituída por pois ou porque. Exs.:
I) "Ele não se moveu, porquanto a conversa não era com ele";
II) "Ele venceu o concurso, porquanto não apareceu nenhum outro candidato".
4) De modo específico para o caso da consulta, vê-se, com facilidade, que o sentido do vocábulo no texto é pois ou porque, o que significa que é conjunção e se deve escrever como uma só palavra.
5) Vejam-se, assim, os seguintes exemplos, com indicação de seu acerto ou erronia entre parênteses:
I) "A nulidade produziu prejuízo à defesa, por quanto serviu como base para a negativa do privilégio legal do furto qualificado" (errado);
II) "A nulidade produziu prejuízo à defesa, porquanto serviu como base para a negativa do privilégio legal do furto qualificado" (correto).