Gramatigalhas

Há quem garante ou Há quem garanta?

Há quem garante ou Há quem garanta? O professor José Maria da Costa esclarece.

25/8/2010

A leitora Carla Ramos Macedo do Nascimento envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Gostaria de saber qual modo verbal é o correto: 'há quem garante' ou 'há quem garanta'? Se ambos forem corretos, gostaria de entender em qual situação cada um deve ser empregado. Intuitivamente, parece que o subjuntivo soa melhor. Mas não encontro uma razão para não empregar o indicativo..."

1) Uma leitora indaga qual a forma correta de se dizer: I) Há quem garante; II) Há quem garanta?

2) Em termos técnicos, a questão pode ser formulada do seguinte modo: numa frase como essa, deve-se empregar o presente do indicativo (garante) ou o presente do subjuntivo (garanta)?

3) Ora, quanto à Gramática, como leciona Evanildo Bechara, emprega-se normalmente o indicativo, quando se quer referir "um fato real ou tido como tal". Exs.: a) "A Terra gira em torno do Sol" (presente); b) "Os jurados fizeram um silêncio significativo" (pretérito perfeito); c) "O homem sempre buscará um sentido para sua vida" (futuro do presente).

4) Por outro lado, ainda na lição do citado gramático, usa-se o subjuntivo, quando se quer mencionar um fato "considerado como incerto, duvidoso, ou impossível de se realizar". Exs.: a) "Talvez venhas" (presente); b) "Era preciso que você viesse" (pretérito imperfeito); c) "Se você vier para a solenidade..." (futuro). 1

5) Com essas duas balizas, de modo específico para o caso da consulta, pode-se dizer que ambas as expressões são corretas, mas cada qual com uma acepção específica.

6) Em termos mais claros, se o falante acredita na certeza do fato referido, usa o presente do indicativo: "Há quem garante".

7) Se, porém, faz apenas uma conjectura não necessariamente compromissada com a realidade, e não tem certeza de sua ocorrência, então é mais comum que empregue o presente do subjuntivo: "Há quem garanta".

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1 Cf. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 19. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1974, p. 273-276.

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.