A pobreza menstrual afeta meninas, mulheres e pessoas trans em todo o mundo. Tradicionalmente, ela se refere à falta de acesso a produtos menstruais, a lugares seguros e higiênicos para utilizá-los e aos direitos à educação menstrual, e ao cuidado da menstruação sem estigma.
Em áreas sem conscientização menstrual, elas podem ter a percepção de que o período é algo "sujo" a ser escondido. Elas podem não receber as informações necessárias da mãe ou do pai, para entender o início desta fase biológica e psicológica tão importante.
Assim, a cooperação das escolas é vital, para, em conjunto com os pais e sem desrespeitar o poder familiar deles, apoiar as nossas meninas a descobrir a complexidade da menstruação, providenciando os cuidados necessários.
Nem sempre as nossas meninas e mulheres brasileiras podem se dar ao luxo de comprar produtos menstruais. Esse é um tema sensível, especialmente, às mulheres da classe trabalhadora do nosso país. Exige reflexões qualificadas, para além do senso comum.
É um tema de direito à saúde da mulher, que nos revela uma questão importante, negligenciada nas últimas décadas de estudos sexuais: o cuidado com o desenvolvimento humano. Direitos Sexuais (da Mulher e do Homem) também envolvem amor e proteção. Não é uma questão apenas de liberdade, que pode levar à exposições difíceis de serem curadas.
A missão da família, da sociedade e do Estado (nessa ordem necessária) não se realiza com a garantia aos espaços e recursos necessários para uma vida menstrual digna. Devemos ir além. A pobreza menstrual só é erradicada com educação sobre o ciclo menstrual.
A questão menstrual é essencialista. Ela diz respeito às especificidades psicológicas e biológicas da mulher. A educação sobre o ciclo menstrual envolve um processo complexo de autoconhecimento psicobiológico. Conhecer o ciclo particular de cada uma é essencial, para que meninas e mulheres possam tomar decisões conscientes sobre os caminhos da felicidade.
O problema da pobreza menstrual se torna mais complexo, quando entendemos o ciclo menstrual como uma questão de educação sobre si mesma. Passa a ser um problema direto de muitíssimas mulheres, sem retirar das mais pobres a emergência e o destaque que merecem.
Cada mulher tem um ciclo. Ele pode ser específico ao ponto de requerer cuidados de saúde excepcionais. Pode demandar pesquisas médicas e tratamentos para uma vida saudável, feliz.
Riqueza menstrual é uma soma de recursos e espaços adequados, autoconhecimento sobre o ciclo, pesquisa médica, investimentos de saúde para tratar as anomalias menstruais comuns e incomuns, e relacionamentos saudáveis.
Como direito da mulher, o ciclo menstrual suave e equilibrado, como pressuposto da felicidade, é uma crise de saúde emergencial. Que se faça os investimentos necessários para que as nossas meninas e mulheres sejam felizes.