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A guerra da Ucrânia e a nova fronteira da defesa cibernética: A guerra tecnológica

A guerra na Ucrânia não se dá apenas nos campos de batalha tradicionais, mas também em um terreno silencioso, porém igualmente devastador: o ciberespaço.

27/9/2024

A guerra na Ucrânia não se dá apenas nos campos de batalha tradicionais, mas também em um terreno silencioso, porém igualmente devastador: o ciberespaço. Desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, o conflito tecnológico ganhou protagonismo, revelando a importância da defesa cibernética em um cenário onde as armas não são apenas mísseis e fuzis, mas também algoritmos e códigos maliciosos. 

Antes mesmo dos primeiros tanques russos cruzarem a fronteira ucraniana, a Ucrânia já era alvo de uma série de ataques cibernéticos coordenados. Um dos mais significativos ocorreu em janeiro de 2022, quando mais de 70 sites do governo ucraniano foram derrubados por hackers. A mensagem deixada pelos invasores era clara: “Temam e esperem o pior”. Esse ataque foi apenas o prenúncio de uma campanha de desinformação e sabotagem digital que se intensificou ao longo da guerra. 

Os ataques cibernéticos que atingiram a Ucrânia revelam uma nova forma de guerra. A Rússia, ao longo dos anos, desenvolveu habilidades cibernéticas de ponta, que utilizou amplamente para desestabilizar a infraestrutura ucraniana, interferir em comunicações militares e civis e espalhar desinformação dentro e fora do país. A empresa de energia ucraniana Ukrenergo, por exemplo, sofreu múltiplos ataques que visavam interromper o fornecimento de eletricidade no país em momentos críticos. 

Do lado ucraniano, a defesa cibernética também evoluiu rapidamente. Com o apoio de potências ocidentais, especialmente dos Estados Unidos e da União Europeia, a Ucrânia recebeu suporte técnico, ferramentas de monitoramento e treinamento especializado para lidar com as constantes ameaças digitais. O governo ucraniano, além de reforçar seus sistemas de proteção, recorreu ao apoio de "hacktivistas" e especialistas em cibersegurança do mundo inteiro, organizando verdadeiras milícias digitais para combater os ataques. 

A tecnologia também trouxe uma nova dinâmica às operações militares convencionais. O uso de drones e inteligência artificial (IA) para rastrear movimentos de tropas e direcionar ataques é uma das inovações que caracterizam esta guerra. Empresas como a SpaceX, de Elon Musk, foram essenciais ao fornecer acesso à internet de alta velocidade por meio da constelação de satélites Starlink, o que permitiu ao exército ucraniano manter comunicações seguras mesmo diante de tentativas russas de bloquear suas redes. 

Para além do campo de batalha, a guerra cibernética tem repercussões globais. A infraestrutura crítica de diversos países, incluindo membros da OTAN, foram alvo de ataques atribuídos a grupos ligados ao Kremlin. O ciberespaço tornou-se um ambiente onde as linhas entre guerra, espionagem e criminalidade se tornam cada vez mais tênues. As sanções impostas pelo Ocidente à Rússia também impulsionaram uma espécie de corrida armamentista tecnológica, com cada lado buscando proteger seus sistemas e atacar os do adversário. 

O conflito na Ucrânia evidencia que a guerra cibernética é agora parte integral das operações militares e governamentais. A defesa cibernética se tornou uma questão de segurança nacional, e países que antes viam o ciberespaço como um campo secundário agora investem pesadamente em sua proteção. 

A era da guerra tecnológica, tão debatida em teorias futuristas, é agora uma realidade inescapável. A Ucrânia se tornou o exemplo vivo de como a tecnologia e o ciberespaço moldam os conflitos do século XXI, oferecendo lições cruciais sobre a importância da preparação e da adaptação rápida para enfrentar as ameaças invisíveis, mas devastadoras, do mundo moderno. 

Referências

EU DisinfoLab. "Ukraine Crisis: Cyberattacks and Disinformation Surge". Disponível aqui.

Centro Nacional de Segurança Cibernética (NCSC). "Relatório sobre Ciberataques na Ucrânia". Disponível aqui.

TechCrunch. "How Ukraine Fought Russia's Cyberattacks During the War". Disponível aqui.

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*Este breve texto  foi escrito com o apoio de inteligência artificial para maior clareza e precisão.

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Colunistas

Coriolano Aurélio de Almeida Camargo Santos é advogado e Presidente da Digital Law Academy. Ph.D., ocupa o cargo de Conselheiro Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo (OAB/SP), com mandatos entre 2013-2018 e 2022-2024. É membro da Comissão Nacional de Inteligência Artificial do Conselho Federal da OAB. Foi convidado pela Mesa do Congresso Nacional para criar e coordenar a comissão de Juristas que promoveu a audiência pública sobre a criação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, realizada em 24 de maio de 2019. Possui destacada carreira acadêmica, tendo atuado como professor convidado da Università Sapienza (Roma), IPBEJA (Portugal), Granada, Navarra e Universidade Complutense de Madrid (Espanha). Foi convidado pelo Supremo Tribunal Federal em duas ocasiões para discutir temas ligados ao Direito e à Tecnologia. Também atua como professor e coordenador do programa de Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) da Escola Superior de Advocacia Nacional do Conselho Federal é o órgão máximo na estrutura da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB). Foi fundador e presidente da Comissão de Direito Digital e Compliance da OAB/SP (2005-2018). Atuou como Juiz do Tribunal de Impostos e Taxas de São Paulo (2005-2021) e fundou a Comissão do Contencioso Administrativo Tributário da OAB/SP em 2014. Na área de arbitragem, é membro da Câmara Empresarial de Arbitragem da FECOMERCIO, OAB/SP e da Câmara Arbitral Internacional de Paris. Foi membro do Conselho Jurídico da FIESP (2011-2020) e diretor do Departamento Jurídico da mesma entidade (2015-2022). Atualmente desempenha o papel de Diretor Jurídico do DEJUR do CIESP. Foi coordenador do Grupo de Estudos de Direito Digital da FIESP (2015/2020). Foi convidado e atuou como pesquisador junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2010, para tratar da segurança física e digital de processos findos. Além disso, ocupou o cargo de Diretor Titular do Centro do Comércio da FECOMERCIO (2011-2017) e foi conselheiro do Conselho de Tecnologia da Informação e Comunicação da FECOMERCIO (2006-2010). Desde 2007, é membro do Conselho Superior de Direito da FecomercioSP. Atua como professor de pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie desde 2007, nos cursos de Direito e Tecnologia, tendo lecionado no curso de Direito Digital da Fundação Getúlio Vargas, IMPACTA Tecnologia e no MBA em Direito Eletrônico da EPD. Ainda coordenou e fundou o Programa de Pós-Graduação em Direito Digital e Compliance do Ibmec/Damásio. É Mestre em Direito na Sociedade da Informação pela FMU (2007) e Doutor em Direito pela FADISP (2014). Lecionou na Escola de Magistrados da Justiça Federal da 3ª Região, Academia Nacional de Polícia Federal, Governo do Estado de São Paulo e Congresso Nacional, em eventos em parceria com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, INTERPOL e Conselho da Europa. Como parte de sua atuação internacional, é membro da International High Technology Crime Investigation Association (HTCIA) e integrou o Conselho Científico de Conferências de âmbito mundial (ICCyber), com o apoio e suporte da Diretoria Técnico-Científica do Departamento de Polícia Federal, Federal Bureau of Investigation (FBI/USA), Australian Federal Police (AFP) e Guarda Civil da Espanha. Além disso, foi professor convidado em instituições e empresas de grande porte, como Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER), Banco Santander e Microsoft, bem como palestrou em eventos como Fenalaw/FGV.GRC-Meeting, entre outros. Foi professor colaborador da AMCHAM e SUCESU. Em sua atuação junto ao Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), apresentou uma coletânea de pareceres colaborativos à ação governamental, alcançando resultados significativos com a publicação de Convênios e Atos COTEPE voltados para a segurança e integração nacional do sistema tributário e tecnológico. Também é autor do primeiro Internet-Book da OAB/SP, que aborda temas de tributação, direito eletrônico e sociedade da informação, e é colunista em Direito Digital, Inovação e Proteção de Dados do Portal Migalhas, entre outros. Em sua atuação prática, destaca-se nas áreas do Direito Digital, Inovação, Proteção de Dados, Tributário e Empresarial, com experiência jurídica desde 1988.

Leila Chevtchuk, eleita por aclamação pelos ministros do TST integrou o Conselho Consultivo da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho – ENAMAT. Em 2019 realizou visita técnico científica a INTERPOL em Lyon na França e EUROPOL em 2020 em Haia na Holanda. Desembargadora, desde 2010, foi Diretora da Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª região. Pela USP é especialista em transtornos mentais relacionados ao trabalho e em psicologia da saúde ocupacional. Formada em Direito pela USP. Pós-graduada pela Universidade de Lisboa, na área de Direito do Trabalho. Mestre em Relações do Trabalho pela PUC e doutorado na Universidade Autôno de Lisboa.