Em um momento crucial para a liberdade de imprensa no Brasil, a ministra Cármen Lúcia, do STF, proferiu um discurso impactante durante um evento organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, em parceria com a ESPM-SP e a Embaixada dos Estados Unidos. Este artigo explora a visão da ministra sobre a liberdade de imprensa como um pilar democrático essencial, abordando também os desafios impostos pela desinformação e a tecnologia nas eleições.
Em seu discurso enfático sobre a democracia e a liberdade, liberdade de imprensa, que ela descreve como frequentemente a primeira vítima em cenários de conflito. Cármen Lúcia realçou a verdade como um conceito fundamental e pessoal que permite tomar decisões informadas na vida. Ela enfatizou que a democracia não se restringe apenas ao governo, mas é um modo de vida, escolhido para permitir a convivência harmoniosa e o respeito mútuo em diferentes esferas da sociedade. A ministra destacou também que, apesar de a maioria dos brasileiros apoiar a democracia, ainda existem desafios significativos a serem superados para garantir que esse direito fundamental seja uma realidade para todos.
Cármen Lúcia também abordou a relevância da democracia nas relações cotidianas, exemplificando como as atitudes autoritárias ou democráticas podem influenciar ambientes como o familiar e o acadêmico. Ela ilustrou essa influência através de exemplos do dia a dia, como a percepção dos estudantes sobre os métodos de ensino de seus professores, e comentários sobre a dinâmica familiar. Esses exemplos reforçam que a democracia é uma escolha contínua sobre como viver e interagir, impactando diretamente na liberdade pessoal e coletiva.
Além disso, Cármen Lúcia discutiu a questão da interpretação da verdade, apontando que cada indivíduo tem a liberdade de interpretar e aceitar diferentes perspectivas da verdade, o que é crucial para a tomada de decisões informadas na vida. Ela salientou a importância de entender a democracia não apenas como um conceito político, mas como uma escolha diária sobre como interagir e viver com os outros, ressaltando que a verdadeira liberdade é inseparável da democracia. A ministra questionou, com curiosidade, sobre os desejos da minoria que não apoia a democracia, ponderando sobre o que estariam buscando fora desse sistema.
Cármen Lúcia afirmou que a democracia é um direito fundamental porque é o ambiente no qual todas as liberdades, incluindo a expressão e a imprensa, podem ser exercidas. Ela destaca que onde não há democracia, não se pode falar verdadeiramente em direitos. A ministra sublinha que a democracia deve ser vista não apenas como uma estrutura governamental, mas como uma prática cotidiana essencial para a vida em sociedade.
Ciência como farol: Reflexões sobre a racionalidade e a educação científica na contemporaneidade
A reflexão da ministra evocou em mim memórias do tratado de Carl Sagan, "O Mundo Assombrado pelos Demônios: A Ciência como uma Vela no Escuro". Nesta obra, Sagan apresenta uma defesa fervorosa do pensamento científico, um bastião contra as trevas da superstição e da pseudociência. Ele argumenta com veemência a favor da racionalidade e do método científico, destacando o papel crucial da ciência na elucidação dos mistérios do universo e na melhoria da condição humana. Este enfoque me faz questionar: Por que nos desviamos da verdade? Por que carecemos de uma cultura que valorize a educação e o respeito?
O livro também é uma crítica acerba à pseudociência, que abrange desde astrologia até alienígenas ancestrais e curas alternativas. Sagan assevera que tais práticas se fundamentam em crenças infundadas e exploram a falta de conhecimento científico do público. A fé e as ilusões, frequentemente, são as lentes através das quais muitos veem a verdade e as crenças.
Além disso, Sagan ressalta a importância do ceticismo crítico na avaliação de afirmações, especialmente aquelas que parecem extraordinárias. Em uma recente reunião da Digital Law Academy, os pesquisadores foram unânimes ao reconhecer a escassez de informações necessárias para conclusões profundas sobre qualquer tema, ressaltando como nossas suposições são moldadas pelas nossas ideologias.
A questão que se impõe é: Como podemos aprimorar a educação científica? Sagan defende que devemos incentivar métodos de pesquisa rigorosos como forma de combater a desinformação e fomentar uma sociedade mais esclarecida e racional. A ciência, para ele, é uma vela no escuro, um farol de verdade num mundo muitas vezes ofuscado por enganos e ignorância.
Vivemos em uma era marcada pela ausência de responsabilidade social. Sagan defende que a ciência não é apenas um corpo de conhecimentos, mas também uma forma de pensamento que deve ser integrada aos debates públicos e políticas para enfrentar desafios globais, como as mudanças climáticas e novas pandemias.
Apesar de suas críticas às falácias e superstições, Sagan mantém uma perspectiva humanista e esperançosa, acreditando na capacidade da humanidade de superar desafios por meio do conhecimento e da razão.
"O Mundo Assombrado pelos Demônios" é, portanto, um chamado à ação para que abracemos o pensamento crítico e científico, a fim de compreender melhor o mundo e solucionar os problemas que enfrentamos. Será que a Ministra, em sua fala, não estava também convocando-nos a lutar contra essas mesmas assombrações da irracionalidade?