Efeitos da pandemia, casos de depressão, rastros da pandemia global de Covid, a escuridão da guerra, numa era de transformações tecnológicas e desafios sociais e ambientais, criam riscos que só serão superados com a união global. Surgem oportunidades em meio ao nevoeiro e a descoberta do ponto cego é questão de sobrevivência.
A atual década está sendo particularmente desafiadora na história mundial. Uma das apostas é que a Inteligência artificial poderá auxiliar na previsão de respostas e trazer sugestões para minimizar a crise global.
A inteligência artificial poderá criar valores?
A busca da verdade, a autorealização, é uma busca individual e, portanto, impossível de ser introduzida em um projeto engenharia de inteligência artificial para satisfação em massa de necessidades humanas.
No mundo ocidental, a "autorrealização" ganhou grande popularidade. Influentes nessa popularidade foram a psicanálise, a psicologia humanista, o crescente conhecimento das religiões orientais e a crescente popularidade do esoterismo ocidental.
O homem é capaz de criar valores e a civilização, culturas e países, descobrem por os que as torna verdadeiras, livres, justas e felizes (o que consideramos valioso) é em si uma atividade significativa e humana.
O Marco da evolução da inteligência artificial comete o erro de subestimar a complexidade das necessidades humanas. Ainda que ela venha a revolucionar o planeta e nossa forma de vida. Como argumentou Nietzsche, somos todos idiossincráticos e nossas necessidades não são apenas de paz, calor, comida, exercício e entretenimento, mas (uma vez satisfeitas, de acordo com a hierarquia de necessidades).
Executivos no Fórum Econômico Mundial, em Davos, só falam de ChatGPT. A inteligência artificial generativa está atraindo não apenas investimentos de big techs, mas também interesse de agentes econômicos nesta semana.
Matthew Prince, presidente-executivo da Cloudflare, uma empresa que defende sites contra ataques digitais e oferece outros serviços de computação em nuvem, vê a inteligência artificial generativa como boa o suficiente para ser um programador júnior ou um "parceiro de pensamento realmente bom".
Em uma entrevista, Prince disse que a Cloudflare estava usando essa tecnologia para escrever código em sua plataforma Workers. A Cloudflare também está explorando como essa tecnologia pode responder às consultas mais rapidamente para seus clientes de nível gratuito, disse ele.
Alex Karp, presidente-executivo da Palantir Technologies, fornecedora de software que ajuda governos a visualizarem movimentos de um exército ou empresas a examinar suas cadeias de suprimentos, entre outras tarefas, disse que a tecnologia de inteligência artificial generativa pode ter aplicações militares.
Karp disse à Reuters em Davos: "A ideia de que uma coisa autônoma pode gerar resultados é obviamente útil para a guerra."
A crise pandêmica, acoplada com a guerra na Europa, resulta em uma confluência de vulnerabilidades socioeconômicas e tensões geopolíticas tornam tudo diferente. Nesse cenário, ainda na fase de preparação para a cúpula anual de Davos, o Fórum Econômico Mundial mobilizou mais de 1.200 analistas de risco e especialistas da academia, cientistas de dados, renomados professores, homens de negócios, governos e sociedade civil para avaliar, em seu Relatório de Riscos Globais, as atuais crises e os desafios a curto e médio prazos.
Em plena turbulência, o mundo parece estar no modo "automático", ou no modo "incerteza" com ponto fulcral no custo de vida, na polarização política e social, na luta pelo fornecimento de energia e comida, e nas oportunidades trazidas pela nova onda digital esbarrando na espionagem internacional, empresarial e confrontos geopolíticos. As ondas da crise global tomaram um vulto inesperado e atingiram jovens de uma era de transformações aceleradas. A educação, pesquisa, reciclagem para os jovens ou para os "dinossauros" são os maiores desafios de curto e médio prazo, para aprender a lidar com as mudanças e conser um lugar ao sol. Não existe sorte, mas esforço e determinação.
Por isso, o Relatório aponta para "um ano de policrises", em que "os riscos estão mais interdependentes e reciprocamente danosos do que nunca". O mundo enfrenta em 2023 uma série de riscos a um tempo "totalmente novos" e "espantosamente familiares". Velhos problemas somados a novos fatores e os novos fatores atrelados ao passado.
Adversidades que pareciam controladas nesta geração – como dúvidas de mercado, investimentos, educação, crise do custo de vida, guerras comerciais, agitação e divisão social generalizada, riscos de novas pandemias e até uma guerra química, tecnológica e nuclear – voltaram à cena. Os riscos são maximizados por desdobramentos relativamente novos, como níveis insustentáveis de dívida, uma nova era de baixo crescimento, baixo investimento e desglobalização, queda no desenvolvimento humano após décadas de progresso e a pressão das mudanças climáticas. A Europa lutou décadas, primeiro por integração, comunicação e posteriormente pela otimização de linguagem tecnológica e legislação comum. Após um longo processo de amadurecimento, surgiu o MCE e posteriormente a EU em 1992. Por aqui se pretende primeiro criar a moeda sem se pensar em um mínimo de história e integração.
"As sequelas sanitárias e econômicas da pandemia rapidamente espiralaram em crises compostas", acirrou golpes e espantoso aumento dos cibercrimes, disseminação de fakenews, crimes de ódio, montagens ilícitas de perfis e uma safra de novas ameaças. As emissões de carbono se acentuaram na pandemia com a venda acelerada de suprimentos de tecnologia, à medida que a economia global pós-pandêmica voltou a crescer as perspectivas não são boas. Comida e energia tornaram-se arsenais com a guerra na Ucrânia, impulsionando a inflação a níveis sem precedentes em décadas, globalizando a crise do custo de vida e abastecendo a ansiedade social. Segundo a OMS, a prevalência de depressão na rede de atenção primária de saúde é 10,4%, isoladamente ou associada a um transtorno físico. De acordo com a OMS, a depressão situa-se em 4º lugar entre as principais causas de ônus, respondendo por 4,4% dos ônus acarretados por todas as doenças durante a vida.
O Fórum trouxe quatro princípios para contribuir com a redução de riscos: fortalecer a identificação e previsão de riscos; recalibrar a avaliação atual de riscos "futuros"; investir em preparação multifatorial; e reconstruir a cooperação na preparação para riscos. Especialistas querem agilizar a criação de regras para o metaverso. Documento do Fórum Mundial Econômico destaca a necessidade de desenvolver mecanismos de controle robustos, para que a tecnologia não coloque em risco os dados dos usuários.
O metaverso é a próxima versão da internet, por isso é fundamental que seja construído por todos e para todos", disse Cathy Li, chefe de Mídia, Entretenimento e eSports do Fórum Econômico Mundial. Para os especialistas, o primeiro tópico a ser desenvolvido na trilha de governança do metaverso é a interoperabilidade - a construção de sistemas integrados que permitam aos usuários circular livremente entre diferentes "metaversos", sem precisarem se preocupar com a segurança dos seus dados.
Foi discutido também como democratizar a tecnologia, ponto vital é a necessidade de usar o metaverso para criar novos modelos de negócios que coloquem o ser humano no centro, de uma maneira controlada. Apesar de a pandemia de Covid-19 ter acelerado o acesso à internet no Brasil nos últimos dois anos, 7,28 milhões de famílias ainda permaneciam sem conexão à rede em casa em 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
São cerca de 28,2 milhões de brasileiros de 10 anos ou mais de idade que não usavam a internet (3,6 milhões deles estudantes) no ano passado, com os excluídos digitais representando 15,3% da população nessa faixa etária.
Este último ponto é decisivo para alicerçar os demais. Não à toa, o tema da cúpula deste ano é "Cooperação em um Mundo Fragmentado".
Em uma era de choques concorrentes, cresce a importância da cooperação em níveis setoriais, bilaterais e regionais – por exemplo, no compartilhamento de dados ou financiamentos coordenados. Ainda mais urgente é resistir à tendência das nações de se fecharem.