Circus

Quando eu partir

Quando eu partir

3/7/2009

 

À memória de mestre Goffredo

Quando eu partir,
que seja num dia alegre,
talvez numa quinta-feira,
melhor se for numa terça,
quem sabe no Carnaval.

Quando eu partir,
que a noite seja de lua,
crescente, de preferência,
com nuvenzinhas vagando,
quais aves do arrebol.

Quando eu partir,
que as flores se abram todas
mesmo em outono ou inverno
que abrirem-se na primavera
é natural que ocorresse.

Quando eu partir,
que riam meus inimigos.
Eu vou querer que eles chorem?
Vou esperar que eles orem
por quem lhes fez tanto mal?

Quando eu partir,
num mês de março qualquer,
que seja detardezinha,
sem o mais mínimo azáfama,
tal qual sempre morre o sol.

Quando eu chegar,
Um coro de anjos interromperá seu ensaio.
Um deles, mais atrevido,
nariz franzido, por certo
indagará: "Quem é esse?"

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Colunista

Adauto Suannes foi desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo, membro fundador do IBCCRIM - Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, da Associação Juízes para a Democracia e do Instituto Interdisciplinar de Direito de Família.