O primeiro semestre
O governo Bolsonaro completa seis meses ao final desta semana e esse período foi marcado principalmente pela relação turbulenta com o Congresso.
Apesar disso, se a Câmara aprovar a reforma da Previdência até o recesso, a nova gestão terá o que comemorar, porque as novas regras para a aposentadoria são vistas como o ponto de partida para a recuperação econômica.
Mesmo que o Congresso tente tomar para si a paternidade da reforma, o governo também poderá ter dividendos políticos com a aprovação e será o gestor dos benefícios econômicos e fiscais que a Nova Previdência vai gerar.
O primeiro semestre de Jair Bolsonaro na Presidência evidenciou que ele exercerá sua autoridade ouvindo poucos conselheiros e de forma enérgica, como aconteceu nas demissões de ministros (foram três em seis meses) e integrantes do segundo escalão.
Também demonstrou que vai manter canal direto com seus eleitores e a defesa temas que, apesar de polêmicos, lhe renderam a vitória nas urnas.
Algumas dessas medidas estão sendo barradas no Judiciário e no Congresso. Essa resistência institucional, contudo, não está drenando o apoio popular de Bolsonaro.
A agenda liberal na economia, apesar de muito alardeada pelo governo, ainda não produziu efeitos no mercado de trabalho e na retomada dos investimentos privados.
A equipe econômica tem dito que depois da aprovação da reforma da Previdência serão anunciadas outras propostas.
Esse pode ser o maior risco tomado pelo governo nos primeiros seis meses: uma aposta forte na aprovação da reforma da Previdência, deixando outras ações econômicas em segundo plano.
Um movimento que pode ampliar nos próximos meses a pressão social, uma vez que o desemprego segue em alta e o PIB em queda.
Articulação política
Nova fórmula
O presidente Jair Bolsonaro promoveu uma reformulação ampla na condução da articulação política na semana passada.
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, não comandará mais as subchefias de Assuntos Parlamentares e de Assuntos Jurídicos.
As duas estruturas foram remanejadas para a Secretaria de Governo, assumida recentemente pelo general da ativa Luiz Eduardo Ramos.
Ele será o responsável pela articulação com o Congresso e pelos atos legais que são assinados por Bolsonaro.
A Casa Civil passa a ter perfil mais gerencial e coordenará o Programa de Parceria de Investimentos.
As mudanças indicam o reconhecimento do governo de que até agora a articulação política com o Congresso falhou.
Previdência
Cronograma apertado
A comissão especial da reforma da Previdência conclui nessa semana as sessões de debate do relatório do deputado Samuel Moreira e o presidente do colegiado, deputado Marcelo Ramos, quer começar a votação da proposta nesta semana.
Dificilmente, porém, será possível concluir a votação nos próximos dias por dois motivos:
1) os partidos de oposição já anunciaram que usarão os instrumentos de obstrução regimental para adiar ao máximo a votação, e
2) o quórum da comissão vai ficar prejudicado por conta do São João no Nordeste - os parlamentares da região consideram indispensável a participação nos festejos em suas bases eleitorais.
Armas
STF julga decreto
O Supremo Tribunal Federal julga nesta semana a Ação Direta de Inconstitucionalidade impetrada pelos partidos de esquerda que pedem a anulação do decreto do presidente Jair Bolsonaro que amplia o porte de armas para a população civil.
O julgamento ocorre uma semana depois que os senadores aprovaram um projeto de decreto legislativo suspendendo o decreto presidencial. Para invalidar a decisão de Bolsonaro via Legislativo, a Câmara precisa aprovar o mesmo projeto.
Esse é o segundo decreto de Bolsonaro a ter sua constitucionalidade analisada pelos ministros. O STF já invalidou liminarmente parte de outro decreto que extinguia de forma generalizada os conselhos federais criados nos governos passados.
Anticorrupção
Abuso de autoridade
O Senado deve votar nesta semana um projeto de lei com medidas anticorrupção, que teve origem em uma proposta de iniciativa popular com as "Dez medidas contra a corrupção", elaboradas pela Associação Nacional dos Procuradores da República.
Ao tramitar pela Câmara, o projeto ganhou novos contornos e incluiu dispositivos para conter o abuso de autoridade de agentes do Ministério Público e juízes.
Essa mudança de tom na proposta causou tanta polêmica que, em 2016, o STF bloqueou a tramitação do projeto. Após a revisão das assinaturas de apoio à proposta de iniciativa popular, o Senado pôde retomar a análise do projeto.
O novo texto retira algumas mudanças feitas pela Câmara, mas mantém dispositivos que controlam a atuação de procuradores e juízes, o que vai revitalizar a polêmica.
O contexto das reportagens do site The Intercept, que revelam atuação supostamente ilegal do ministro da Justiça, Sergio Moro, enquanto era juiz da Lava Jato, também vai alimentar a tensão desse debate.
No Japão
Bolsonaro estreia no G-20
O presidente Jair Bolsonaro estreia nesta semana na reunião do G-20, grupo das economias mais importantes do mundo.
Ele será um dos oradores principais na sessão temática de inovação e tecnologia. O encontro será em Osaka (Japão) nos dias 28 e 29.
Aproveitando a ida ao Japão, Bolsonaro também terá reunião privada com o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe.
E o Brasil também convocou uma reunião extraordinária dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para alinhar os pontos de uma declaração conjunta sobre as intenções das economias emergentes no cenário mundial.
Lava Jato
A crise das mensagens
A série de reportagens do The Intercept, site associado agora à Folha de S.Paulo, terá novos desdobramentos no Congresso e no Judiciário nesta semana.
A imprensa vem relevando mensagens trocadas entre os procuradores da Força-Tarefa da Lava Jato e o ministro da Justiça, Sergio Moro, ex-juiz dos processos de corrupção da operação.
Os diálogos revelam uma suposta conduta ilegal o ex-magistrado.
Na Câmara, o cancelamento da ida espontânea de Moro para uma audiência pública para explicar os diálogos pode transformar o convite em uma convocação, o que obrigaria o ministro a ir numa data determinada pelos deputados para prestar esclarecimentos.
Oficialmente, o ministro adiou a ida por estar em viagem internacional.
No STF, a Segunda Turma retoma um julgamento em que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a suspeição de Moro, ainda em 2018, no julgamento do caso do tríplex.
O processo foi recolocado na pauta depois do início da série de reportagens e, portanto, será julgado considerando esse contexto. Os advogados do petista pedem a anulação da sentença que levou Lula para a prisão.
AGENDA
Encontro - O presidente Jair Bolsonaro recebe hoje, às 15h30, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e o diretor executivo da Fórmula 1, Chase Carey.
Posse - Às 17h30, o presidente Jair Bolsonaro dá posse ao novo ministro da Secretaria-Geral, Jorge Antonio de Oliveira, e ao presidente dos Correios, Floriano Peixoto.
CNPE - O ministro da Economia, Paulo Guedes, participa hoje, às 16h, da reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética.
Reservas - O Banco Central divulga hoje as estatísticas do setor externo.
Focus - O Banco Central também libera mais uma rodada do Boletim Focus.
EDUCAÇÃO
Ranking - Universidades brasileiras pioram em pesquisa, empregabilidade de alunos e qualidade de ensino, aponta ranking mundial.
SABER
Astros - Saiba mais sobre uma descoberta que muda o conceito de mortalidade das galáxias.
SUSTENTÁVEL
Acordo - G-20 tem primeiro acordo para reduzir lixo plástico no mar.
TECH
Consumidor - Anatel vai exigir que empresas de telefonia criem lista de clientes que não querem receber propostas de telemarketing.
BEM-ESTAR
Imunização - Tire suas dúvidas sobre como são feitas e a importância das vacinas.