Mais percalços para a Previdência
A reta final da tramitação da reforma da Previdência ganhou contornos mais tensos depois que o ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou o relatório construído pelo relator, deputado Samuel Moreira, com líderes partidários que apoiam as mudanças na aposentadoria e com o presidente da Casa, Rodrigo Maia.
Apesar de ser uma semana esvaziada na Câmara por conta do feriado de Corpus Christi, é provável que os parlamentares da comissão especial e líderes dos partidos de centro respondam às críticas do ministro.
Até agora, os obstáculos para a aprovação da Nova Previdência eram os mapeados, como as pressões das corporações e as manifestações convocadas pelos sindicatos e legendas de esquerda.
O tom belicoso do ministro da Economia, porém, representa uma novidade ruim para o governo que ainda não criou uma base aliada no Congresso.
A reação dos parlamentares pode vir por discursos e por ações.
Como a articulação da reforma está sob controle da Câmara, é possível que novas mudanças reduzindo o impacto da reforma ganhem apoio depois da provocação do ministro ou que surjam ameaças nesse sentido para demonstrar o poder do Congresso.
A reação do ministro contra o aumento do imposto sobre os bancos, sugestão do relator para ampliar a arrecadação da Previdência, também pode ser explorada pelos congressistas.
Eles devem lembrar da primeira polêmica entre Guedes e os deputados da CCJ da Câmara, quando ele foi acusado de agir duramente contra aposentados, mas ter postura mais condescendente com as instituições financeiras.
BNDES
A reação do mercado
A saída de Joaquim Levy do comando do BNDES, após reação do presidente Jair Bolsonaro, ocorreu no período de descanso do mercado financeiro.
A reação do preço das ações vai determinar qual o tamanho da crise com a troca de comando na instituição.
Levy é um técnico muito respeitado no mercado e, apesar de ter integrado as gestões do PT, nunca foi apontado como um quadro da esquerda.
O respaldo dele entre os investidores dentro e fora do país permitiu que ele não fosse responsabilizado por erros da administração Dilma Rousseff, quando ele comandou o Ministério da Fazenda.
A saída abrupta do ex-presidente do BNDES pode ser lida pelo mercado como um traço de intervencionista de Bolsonaro.
Copom
Decisão sobre os juros
O Comitê de Política Monetária se reúne nesta semana para determinar a taxa básica de juros para os próximos 45 dias. A tendência e a expectativa majoritária do mercado é que a Selic seja mantida em 6,5% ao ano.
A decisão dos diretores do Banco Central ocorre num contexto de fragilidade do crescimento econômico.
Os indicadores da produção, do comércio e dos serviços estão majoritariamente estagnados ou em queda e alguns economistas veem a necessidade de um impulso monetário com a queda dos juros.
Até a última reunião do Copom, essa hipótese era descartada oficialmente.
Safra
Dinheiro para o campo
O governo anuncia amanhã os recursos que estarão disponíveis para financiamento da safra agrícola nos próximos 12 meses.
Apesar de ser um dos motores mais importante da economia, a tendência é que o pacote de incentivo seja igual ao liberado no ano passado.
As dificuldades para oferecer uma proposta melhor têm sido anunciadas há dias pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que quer evitar falsas expectativas nos produtores.
O grave quadro fiscal é apontado como obstáculo para oferecer um Plano Safra mais ambicioso.
Senado 1
A sabatina de Moro
O ministro da Justiça, Sergio Moro, vai passar pela primeira sabatina no Senado nesta semana.
Como o ex-juiz nutre a esperança de um dia se tornar ministro da Suprema Corte, a sessão da Comissão de Constituição e Justiça na quarta-feira vai funcionar como um primeiro teste, caso venha mesmo a ser indicado para o STF.
Moro será questionado pelos senadores sobre a sua atuação na Lava Jato, após o site The Intercept revelar diálogos entre ele e o coordenador da Força-Tarefa, procurador Deltan Dellagnol, que supostamente indicam uma conduta ilegal.
Logo após as reportagens, a estratégia de reação do ministro e do procurador foi mudando aos poucos.
Inicialmente, Moro e Deltan não negaram a autenticidade dos diálogos, reclamaram de não terem sido procurados pelo site para comentar as denúncias e argumentaram que não havia ilegalidades nas conversas.
Com o passar dos dias, os dois começaram a questionar a autenticidade das mensagens, sugerindo que poderia haver manipulações, passaram a dizer que eram alvo de um ataque cibernético planejado contra a Lava Jato.
A ida do ministro à CCJ do Senado ocorre depois que novas mensagens foram divulgadas no final de semana e mostram um pedido de Moro a outro procurador para que o Ministério Público se manifestasse publicamente logo após o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Senado 2
Decisão sobre decreto de armas
Os senadores vão decidir nesta semana se o decreto presidencial que amplia o porte de armas, permitindo inclusive que armamentos de maior calibre para a população civil, é constitucional.
O projeto de decreto legislativo pode invalidar a decisão presidencial, que também está sendo contestada no Judiciário. Há grande chance do Senado considerar o decreto inconstitucional.
Um movimento do governo, incentivando críticas nas redes sociais contra senadores que são contra a proposta, foi mal recebido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que reclamou da pressão que considera indevida.
PGR
A lista tríplice
A eleição da Associação Nacional dos Procuradores da República para apontar os três nomes que serão levados ao presidente Jair Bolsonaro para que ele escolha o futuro procurador-geral será realizada amanhã.
Dez procuradores concorrem à uma indicação para a lista tríplice. Apesar da concorrência interna, Bolsonaro não é obrigado a escolher um dos três mais votados na eleição da ANPR.
Além dos candidatos inscritos, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, tem articulado para ser reconduzida ao cargo por mais dois anos.
A lista tríplice só foi respeitada nos governos petistas e pelo ex-presidente Michel Temer. Até agora, o governo não emitiu sinais de como tratará da indicação para a PGR.
AGENDA
Regras - O presidente Jair Bolsonaro assina hoje, às 17h30, a medida provisória que cria novas regras para o confisco de bens de traficantes.
Focus - O Banco Central divulga mais um relatório Focus, que apresenta as estimativas do mercado para PIB, inflação e juros.
Economia/BNDES - O ministro da Economia, Paulo Guedes, se reúne hoje, às 15h, com o presidente Jair Bolsonaro, após a saída de Joaquim Levy do comando do BNDES.
Evento - O ministro de Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque participa hoje, às 13h30, do Ethanol Summit 2019, em São Paulo.
Compliance - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, faz palestra hoje, às 10h, no fórum da Band News "Compliance e Democracia", em São Paulo.
EDUCAÇÃO
Programa - Saiba mais sobre o programa de bolsas criado pela Nestlé, que concede bolsas de MBA para mulheres no IMD.
SABER
História - Nova teoria tenta explicar a morte de Alexandre, o Grande.
SUSTENTÁVEL
Produto - Conheça mais sobre a Associação Indígena Kisêdjê, que foi premiada pela ONU pela produção de óleo de pequi.
TECH
Gadget - Conheça um pouco mais do aparelho da Xiaomi que promete ensinar inglês.
BEM-ESTAR
Alimentação - Comer frutas diariamente poderia evitar uma em cada sete mortes por motivos cardiovasculares, segundo cientistas.