Apito Legal

A bola está com os meninos do Brasil

Nos pés da jovem dupla, Neymar e Oscar, que vai nascer os caminhos para os gols e as vitórias.

16/6/2014

Neymar da Silva Santos Júnior fez 22 anos em fevereiro. Oscar dos Santos Emboaba Júnior vai fazer 23 anos em setembro. São os meninos do Brasil, dupla bem capaz de transformar em realidade o sonho do hexa, como já se viu nos 3 a 1 sobre a Croácia na abertura da Copa do Mundo de 2014 e os brasileiros esperam que se volte a ver nesta terça, dia 17, diante dos mexicanos.

Se você buscar por 'Neymar' no Google, quase 50 milhões de citações aparecerão em poucos segundos. E você percorrerá páginas e páginas sem se deparar com outro Neymar que não o craque brasileiro da camisa 10. Se você procurar ‘Oscar’, surgirão mais de 120 milhões de citações, mas somente na página 3 encontrará a primeira referência ao dono da camisa 11 da Seleção. Parece que Neymar é único, mas Oscar pode ser prêmio, arquiteto, humorista, etc. etc. etc.

O Google não mede o desempenho em campo, mas reflete o sentimento dos torcedores que fazem do futebol a mais universal manifestação da cultura humana. Herói midiático, tanto quanto craque da bola, Neymar é embalado como xodó por torcedores de todo o mundo. Garoto tímido e avesso à badalação fora de campo, Oscar abriu a Copa mostrando que, lá dentro, é também candidatíssimo ao reconhecimento mundial até o encerramento da finalíssima em 13 de julho.

Em votação entre seus internautas, Neymar foi eleito pela FIFA o craque do jogo, mas não se deve dar demasiada importância à voz das arquibancadas – palavrinha aqui usada como mera figura de linguagem, pois arquibancada é porção que já não existe nos modernos estádios da Copa.

O craque da estreia foi o polivalente Oscar, que deu as bolas para Neymar empatar o jogo que a Croácia começara vencendo e para Fred ganhar do árbitro japonês o pênalti transformado nos 2 a 1 novamente pelo craque do Barça, e ainda fez de biquinho, relembrando seus tempos de futsal, o terceiro gol do Brasil. E muito mais ainda fez, roubando bolas aos croatas e distribuindo-as aos companheiros, mas já não é tempo de ficar rememorando aqui o que aconteceu no Itaquerão. A hora é de botar a cabeça em Fortaleza e nos mexicanos.

Um tanto instável na curta fase de preparação do time, com a cabeça ligada na filha que estava por vir, o garoto pouco carismático teve sempre a confiança de Felipão, como fez questão de proclamar em sua primeira entrevista após a vitória, mas precisava de uma estreia tão auspiciosa para ganhar também os críticos e, por extensão, os torcedores. Será bom para Neymar e, portanto, para a Seleção que Oscar continue jogando o bolão que mostrou nos 3 a 1 sobre a Croácia, pois é nos pés da jovem dupla que nascem os caminhos para os gols e as vitórias.

Na Copa em que os velhinhos da Espanha começaram dando vexame, vamos torcedor que os velhinhos do Brasil se mirem no exemplo dos nossos meninos e também brilhem nos gramados de Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte, novamente Fortaleza, de novo Belo Horizonte, e Rio! É a rota do hexa.

Caçula

Além dos destaques nos 3 a 1 sobre a Croácia, a lista dos meninos do Brasil na campanha pelo hexa inclui o reserva Bernard, que ainda fará 22 anos, também em setembro.

Exagero

Os principais jornais brasileiros deram tanto espaço a Brasil 3 x 1 Croácia em sua primeira página do dia 13 que ficou difícil imaginar como tratarão a eventual conquista do hexa na edição de 14 de julho.

Parecidos

O Brasil teve dificuldades para vencer a Croácia na quinta, dia 12, e a Argentina também sofreu no domingo, 15, para fazer 2 a 1 na Bósnia.

A torcida tranquilizou e ajudou o Brasil no Itaquerão, como fez questão de ressaltar o técnico Luiz Felipe Scolari.

E 30 mil argentinos empurraram a Argentina no Maracanã, como fez questão de agradecer o craque Lionel Messi, que não chegou a brilhar em campo, mas garantiu os 2 a 1 em dois lances capitais: a cobrança de falta no gol contra do bósnio Kolasinac e, bem a seu estilo, a arrancada para fazer o segundo.

Simpatia é quase vitória

Não há seleção mais descontraída e simpática do que a da Holanda nesta Copa do Mundo.

E não há seleção mais fechada e mal humorada do que a da Espanha, exceção feita ao zagueiro Piqué, que quebrou a corrente do mau humor dando o próprio casaco a um garoto que invadiu o campo de treino em Curitiba.

Não parece justo, então, que sobre ele tenha desabado a fúria dos deuses dos estádios, levando-o à desastrosa atuação que tanto contribuiu para a felicidade de Robben, Van Persie e companhia na festeira Salvador.

Os 5 a 1 fizeram a alegria da torcida na Fonte Nova, mas poderiam ter poupado o marido de Shakira.

Ruim da cabeça, doente do pé

Faltou cabeça aos britânicos para lidar com a torcida desde que Manaus foi escolhida para receber a estreia de sua seleção na Copa. A capital do Amazonas deve aos ingleses boa parte de sua mais vistosa arquitetura, a energia elétrica e até a introdução do futebol no estado. São heranças de quando a Inglaterra sonhava dominar o mundo. Daqueles tempos, sobrou a arrogância travestida em ácidas críticas às condições climáticas e sanitárias da cidade, o que irritou os manauaras e os jogou nos braços dos italianos.

Com o reforço da torcida local, a Itália venceu por 2 a 1. E os amazonenses ainda puderam curtir a esdrúxula situação vivia pelos pouco simpáticos ingleses, que ao comemorar o seu golzinho contundiram o fisioterapeuta Gary Lewin, retirado de maca da beira do campo com o tornozelo direito lesionado.

Amigos

O volante alemão Bastian Schweinsteiger contou a Fabio Victor, em entrevista por e-mail publicada na Folha de S. Paulo do domingo, 15, por que ele e o goleiro Neuer resolveram vestir a camisa e cantar o hino do Bahia: "Queríamos vestir a camisa do time para o qual Dante torce e enviar para ele". E confessou: "Estamos encantados e um pouco surpresos que a mídia e as pessoas no Brasil tenham reagido tão positivamente".

Fim de papo

"Temos de entender o nível dos rivais que vamos enfrentar. O mundo não gira em torno de nós". Vicente del Bosque, técnico da Espanha, em entrevista ao jornal Marca, quatro dias antes da derrota para a Holanda

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Colunista

Roberto Benevides é jornalista, foi por muitos anos colunista e o editor do caderno de esportes de O Estado de S. Paulo, trabalhou também no JB, na Folha de S.Paulo, nas revistas Veja, Exame, Quatro Rodas, Placar e Época. Nos últimos dois anos, fez a coordenação editorial de uma coleção de 15 livros sobre esportes olímpicos publicada pelo editora do Sesi.