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A maldição que ameaça Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo é o grande nome do atual futebol: destaque do Real Madrid e finalista da Liga dos Campeões.

5/5/2014

Da baladíssima trindade da qual se esperam milagres na Copa do Mundo, Cristiano Ronaldo é o único que já está a fazê-los a esta altura dos campeonatos que se vão decidindo pela Europa afora. Messi vive uma temporada um tanto quanto opaca e Neymar ainda não joga no Barça todo o futebol envolvente e incisivo de seus tempos no Santos. O craque português, eleito o melhor jogador do mundo na última temporada, continua sobrando nesta.

É o maior destaque do Real Madrid, finalista da Liga dos Campeões após a dupla vitória, como anfitrião e como visitante, sobre o Bayern de Munique, atual campeão europeu. Após 12 anos sem chegar à final, o Real tentará em Lisboa, no dia 24, seu décimo título da Liga, graças sobretudo ao extraordinário desempenho de Cristiano Ronaldo. Ele atuou em 10 das 12 partidas disputadas pela equipe nesta competição, tendo marcado 16 gols e viabilizado outros quatro em assistências perfeitas para os companheiros.

Nunca um jogador alcançara tais números numa única edição da Liga, incluindo os tempos em que ela se chamava Taça dos Clubes Campeões Europeus.

Campeão da Europa, campeão mundial de clubes e três vezes campeão inglês pelo Manchester United, campeão espanhol pelo Real, vice-campeão da Eurocopa de 2004 e quarto colocado na Copa do Mundo de 2006 pela seleção portuguesa, goleador polivalente, daqueles que finalizam bem com os dois pés e com a cabeça, quase inalcançável quando dispara em velocidade pelas beiradas do campo, difícil de ser batido no confronto físico com os marcadores, Cristiano Ronaldo não é um mero matador. Tem refinamento de meia, capaz de colocar a bola à feição dos companheiros para que eles também marquem os seus golzinhos.

Não é à toa que, em 2013, depois de marcar 69 gols durante o ano, foi eleito pela FIFA o melhor jogador do mundo. Antes, ainda no Manchester, havia conquistado o maior prêmio individual do futebol em 2008. Nos quatro anos seguintes, só deu Messi, que ficou em segundo lugar no ano passado. Ao receber o prêmio na Suíça, há quatro meses, o português foi instado por um repórter a completar a frase: "em 2014, Cristiano Ronaldo será..." Pensou um pouco e tascou: "... o mesmo homem que foi em 2013".

Pelo menos dentro do campo, o cracaço continua o mesmo e ainda tem dois canecos para disputar antes da Copa do Mundo – a Liga dos Campeões da Europa, contra o Atlético de Madri; e o Campeonato Espanhol, que voltou a ficar embolado neste final de semana, depois que o Barcelona empatou com o Getafe por 2 a 2, o Atlético foi derrotado pelo Levante por 2 a 0 e o Real, com um gol e uma assistência dele, também empatou com o Valencia por 2 a 2.

Autor dos quatro gols que deram as duas vitórias sobre a Suécia na repescagem das eliminatórias europeias e garantiram a presença de Portugal no Brasil, Cristiano Ronaldo chegará aqui com a dura missão de levar a equipe a um lugar verdadeiramente honroso na Copa do Mundo – pelo menos, o quarto lugar que ele já conquistou, em companhia de Luís Figo, em 2006, na Alemanha, ou, melhor ainda, um novo terceiro lugar, como Eusébio conseguiu em 1966, na Inglaterra. Afinal, é com os dois que ele disputa o lugar de número 1 do futebol português em todos os tempos.

A mais do que isso os portugueses não aspiram, embora tenham contado com a sorte no desenho da tabela: saindo classificados em segundo lugar no grupo com Alemanha, Gana e EUA, provavelmente pegarão Bélgica ou Rússia nas oitavas. A Bélgica é tida por muitos como a principal candidata a produzir uma grande surpresa na Copa, mas, para os portugueses, o pior viria depois – a Argentina, por exemplo.

Portugal sagrar-se campeão seria milagre de uma dimensão que nunca se viu na história das Copas, mas será algo absolutamente natural que Cristiano Ronaldo venha a garantir em campos brasileiros seu terceiro prêmio de melhor jogador do mundo, por mais que a gente torça para que, neste ano, chegue finalmente a vez do nosso Neymar.

É verdade, porém, que o melhor jogador do ano anterior não tem dado sorte nas últimas edições da Copa do Mundo: Roberto Baggio, que ganhou o prêmio em 1993, perdeu o pênalti que deu o tetra ao Brasil em 1994; nosso fenômeno Ronaldo, ganhador em 1997, sofreu uma convulsão e sucumbiu a Zidane e companhia na final de 1998; Luís Figo, premiado em 2001, caiu fora na primeira fase em 2002; vencedor em 2005, Ronaldinho Gaúcho nada fez em 2006 e caiu com o Brasil nas quartas de final; e Messi, ungido em 2009, também foi desclassificado nas quartas em 2010.

Neymar e companhia devem estar torcendo para que se repita nos campos do Brasil a maldição que persegue os melhores jogadores do mundo desde o milênio passado.

Goleiraço

Nesta quinta-feira, dia 8, o gaúcho Cláudio André Mergen Taffarel festejará na Turquia, onde trabalha como preparador de goleiros do Galatasaray, seu aniversário de 48 anos. Avesso a piruetas e a saltos espetaculares, sempre bem colocado na pequena área, Taffarel foi um dos destaques da conquista do tetra nos Estados Unidos, em 1994, e do vice mundial em 1998. Em três Copas do Mundo, desde 1990, atuou em 18 jogos, tendo sofrido 15 gols – dois em 1990, três em 1994 e dez em 1998. Foi campeão mundial de juniores em 1985, medalha de prata olímpica em 1988 e bicampeão da Copa América, em 1989 e em 1997. É um dos maiores goleiros da história do futebol brasileiro.

Preferência

O brasileiro Daniel Alves, que ocupou a primeira página de jornais e portais de todo o mundo após comer parte de uma banana jogada em campo por um torcedor racista na vitória do Barcelona sobre o Villarreal por 3 a 2 no domingo, 27 de abril, já escolheu o melhor adversário para o Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo, como confessou a Galvão Bueno na edição deste domingo, dia 4, da série Na Estrada com Galvão: "Eu prefiro a Holanda. Sou dos que 'quem me deve tem de me pagar'". O lateral não esquece aqueles 2 a 1 que tiraram o Brasil da Copa de 2010 nas quartas de final. A alternativa seria Espanha ou Chile.

Fim de papo

"Yes, nós temos bananas/ Bananas pra dar e vender"Braguinha e Alberto Ribeiro, em marchinha gravada em 1937 para o Carnaval de 1938

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Colunista

Roberto Benevides é jornalista, foi por muitos anos colunista e o editor do caderno de esportes de O Estado de S. Paulo, trabalhou também no JB, na Folha de S.Paulo, nas revistas Veja, Exame, Quatro Rodas, Placar e Época. Nos últimos dois anos, fez a coordenação editorial de uma coleção de 15 livros sobre esportes olímpicos publicada pelo editora do Sesi.