ABC do CDC

O dia da mentira em tempos de fake news

O dia da mentira em tempos de fake news.

1/4/2021

Em tempos de fake news em profusão, às vezes parece que o dia da mentira é todo dia! Ela está em todo lugar: nas táticas do capitalismo, nas redes sociais, nas comunicações em geral etc.

Mas, vale lembrar que, "oficialmente" é na data de hoje que se comemora o dia da mentira, algo que sempre foi mais leve, pois gerava (e ainda gera) brincadeiras entre as pessoas com piadas e execução de "pegadinhas".

Há algumas versões sobre seu surgimento neste dia 1º de abril. Uma delas é a de que a brincadeira surgiu na França por volta do século XVI. Nessa época, o Ano Novo era comemorado dia 25 de março, e as festas duravam uma semana e iam até dia 1º de abril.

No ano de 1564, o Rei Carlos IX adotou oficialmente o calendário gregoriano, passando o Ano Novo para o dia 1º de janeiro, porém muitos franceses resistiram à mudança e continuaram seguindo o calendário antigo.

Assim, algumas pessoas começaram a fazer brincadeiras e a ridicularizar aqueles que insistiam em continuar a considerar o dia 1º de abril como primeiro dia do ano novo. Eram considerados bobos, pois seguiam algo que não era verdadeiro.

Entre nós, o Dia da Mentira começou a se popularizar em Minas Gerais, por conta da publicação do periódico "A Mentira", que tratava de assuntos efêmeros e sensacionalistas do começo do século XIX.

Este periódico publicou no dia 1º de abril de 1848 uma matéria noticiando a morte do então imperador Dom Pedro II, o que era mentira e teve que ser desmentido.

Muito bem. Mentira como brincadeira pode passar sem consequências negativas. O problema é seu uso para enganar, iludir, causar danos, fazer o mal. E, muitas vezes, a mentira é propagada por aqueles que acreditam que ela corresponda à verdade. Isso gera uma espécie de falsa sinceridade.

Além disso, a desinformação e a ignorância geram disputas, lutas e tomadas de posições que podem causar muitos danos a indivíduos e a instituições.

Não há novidade nisso, mas como vivemos tempos especialmente difíceis, consigno para terminar, duas observações de pensadores brilhantes.

A primeira, de Albert Einstein que disse: "Apenas duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana, e não tenho certeza quanto à primeira".

A segunda, de Abraham Lincoln, notável presidente norte-americano. Ele disse: "É melhor se calar e deixar que os outros pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida".

Por fim, lembro que temos o direito de pensar o que quisermos e atrelado a essa liberdade  de pensamento, está a liberdade de expressão, ambas fundamentais para as democracias e, no caso brasileiro, garantidas no texto constitucional. É um princípio que garante que a pessoa possa dizer o que pensa,  encantando com suas palavras. Ou mostrando sua ignorância, arrogância e desrespeito pelos outros explicitamente.

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Colunista

Rizzatto Nunes é desembargador aposentado do TJ/SP, escritor e professor de Direito do Consumidor. Para acompanhar seu conteúdo nas redes sociais: Instagram: @rizzattonunes, YouTube: @RizzattoNunes-2024, e TikTok: @rizzattonunes4.