Chegando ao fim do ano, retomo o tema da relação consumidor-meio ambiente, aproveitando a reunião mundial do clima COP25, que se realiza em Madri. Parto, especialmente, do discurso da jovem ativista sueca Greta Thunberg, que apresentou uma série de dados mostrando a crise planetária em termos ambientais, sociais e humanos.
Na verdade, os dados são conhecidos neste assunto, que se tornou evidente: o capitalismo global insiste em não mudar seus modos de produção e exploração e, por isso, o planeta continua em grande risco. De fato, os métodos de exploração não só das reservas naturais existentes, como de muitas das conquistas sociais nos vários países que compõem o mundo, se alteraram muito pouco e, ainda assim, nem sempre na melhor direção.
Já passou muito da hora de uma efetiva mudança nos hábitos de consumo, não só aqui como em outros lugares. Para se ter uma ideia do que quero dizer, veja na sequência esses dados (que variam um pouco de acordo com a fonte, mas de todo modo indicam o problema).
A produção e o consumo dos Estados Unidos da América, com um número de consumidores que corresponde a aproximadamente 5% da população do planeta, contribuem com cerca de 36% das emissões de gases de efeito estufa e consomem em torno de 25% da energia mundial. No que se refere aos países desenvolvidos, estes congregam um quinto da população do planeta. Esta minoria, porém, consome cerca de 80% de todos os recursos naturais existentes.
Logo, ao contrário do que se propaga, a globalização é uma ilusão, pois não dá para "globalizar" o padrão de consumo dos EUA e dos demais países desenvolvidos. Precisaríamos de vários planetas para tanto.
Esses dados mostram que é preciso mudar o foco, posto que, caso se perpetue o modelo de consumo dos dias que correm, não haverá salvação. Ao invés de se produzir mais e se consumir mais, a diminuição do consumo é que talvez pudesse ajudar a sustentar o planeta.
Além disso e atrelado a isso, um outro elemento que talvez pudesse colaborar para que o planeta não viesse a ser destruído seria o da educação para o consumo, de tal modo que os consumidores pudessem tomar consciência de seu efetivo papel como protagonistas da sociedade capitalista e, também, percebessem que o regime consumista no qual estão inseridos não faz bem a seu bolso nem a sua saúde, nem a seu bem-estar e, claro, nem ao planeta.
Para concluir, deixo algumas máximas de minha autoria, que dizem respeito ao modo de vida da sociedade em que vivemos, para reflexão de fim de ano:
- Estamos na era das fusões de empresas e dos desempregados em profusões.
- Do acúmulo de cartões de crédito fácil e abundante e das dívidas impagáveis.
- Das dezenas de pares de sapatos nos armários das casas e das crianças andando descalças nas ruas.
- Nunca tivemos tanto acesso à informação, mas nosso conhecimento é paupérrimo.
- As pessoas sabem muito sobre automóveis, mas pouco sobre arte.
- Muitos consumidores têm noção dos preços das cervejas, mas desconhecem o valor da solidariedade.
- Tira-se foto de tudo, mas, realmente, não se aprecia quase nada.