Artes
Pesquisas norte-americanas mostram como o cérebro se comporta diante de ações benéficas e maléficas do ser humano, artista do bem ou do mal.
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Atualizado em 7 de novembro de 2013 12:03
Nem se contam os que desde antanho têm escrito sobre as artes mais diversas.
Como até a política é uma arte - arte do possível, segundo Bismarck, logo tudo o mais que se faça com algum engenho é arte.
Nos antigos filmes de faroeste, o mocinho também chamado de artista, estava sempre em luta contra os fora da lei também chamados de bandidos.
Os dois lados têm grandes artistas, é claro. Mas ninguém quer ser visto como bandido. Todo mundo só quer ser artista.
Daí dizer-se que na política do Maranhão não tem bandido. Só tem artista. Melhor dizendo, todo mundo só quer ser o artista.
Da arte do possível à arte da guerra quase não há mais nada que o engenho humano não tenha afirmado como arte.
Chegou há pouco dos Estados Unidos da América um livro muito esclarecedor - A molécula da Moralidade, de Paulo Zak. Essa molécula contém a substância responsável por despertar o melhor em cada um de nós.
A molécula da moralidade faz, por exemplo, com que as mulheres, no geral, sejam mais generosas do que os homens.
Já os homens muitos dos quais até inspiram uma boa impressão podem, por deficiência na molécula, se revelar nada generosos.
Com a molécula da moralidade em baixa, os homens de negócios, em geral, e os políticos, em especial, podem se revelar pessoas perigosas - cínicos, mentirosos, déspotas, insensíveis, mestres na arte de iludir e enganar.
Seriam verdadeiramente artistas do bem se os seus cérebros não se ressentissem da molécula da moralidade.
Agora pesquisadores da Universidade de Duke, também nos Estados Unidos, anunciam que o mapeamento dos cérebros dos jogadores de pôquer mostrou a área conhecida como extremo posterior do sulco lateral, onde estão os lóbulos temporal e parietal (acima das orelhas), que são ativados quando um alguém quer enganar outro alguém.
Talvez, por isso, os mais antigos tivessem razão quando inventaram o popular puxão de orelhas.
Essa área das orelhas não é ativada quando jogo é contra um computador, por exemplo.
Daí a prova de que blefar ou não muda conforme as relações sociais entre os jogadores oponentes.
A pesquisa revelou ainda que antes do jogo todos os contendores mostram-se afetuosos e cordiais, mas na medida em que a pendenga segue eles vão se hostilizando discretamente, algo assim como dois candidatos de uma mesma coligação disputando um único lugar disponível.
Em duas outras, igualmente famosas universidades norte-americanas, a de Harvard e a de Utah, descobriu-se que as pessoas, no geral, tendem a ser mais honestas no período da manhã.
Este fenômeno foi classificado pelos cientistas como efeito da moralidade matinal.
Isso tudo me leva a imaginar que as coisas por aqui ainda não estão num limite tão extremo de desesperança.
É possível que a molécula da moralidade se normalize às tantas da madrugada quando a capacidade de blefar no pôquer já estará um tanto exaurida.
Depois, é botar a cambada do governo e da oposição para trabalhar intensamente na parte da manhã. Segundo os cientistas, tendem a ser mais desonestas no período da tarde.
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* Edson Vidigal é ex-presidente do STJ e professor de Direito na UFMA.
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